Através de um Decreto de 23.05.2000, da Sagrada “Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos”, foi modificada a denominação do Segundo domingo de Páscoa para “Segundo Domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia”, com a aprovação do Papa João Paulo II.
O motivo desta modificação, sem dúvida, está ligada às revelações de Jesus a Santa Faustina Kowalsca, polonesa beatificada e canonizada pelo Papa João Paulo II.
Neste Segundo domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia, é celebrada a Instituição do Sacramento da Penitência, ou Confissão, pelo próprio Jesus em sua aparição aos Apóstolos no dia (Domingo) da Ressurreição. O evangelista São João, testemunha ocular dos fatos narra: “Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (Jo 20,19-23).
Infelizmente a maioria das pessoas quando lêem este trecho do Evangelho, ficam sensibilizadas com o episódio da narração da descrença de São Tome, que vem logo em seguida, e acabam às vezes se esquecendo do mais importante: a Instituição da Sagrada Confissão. Ora, Jesus tinha acabado de conquistar com sua gloriosa Paixão, Morte e Ressurreição, a vitória sobre o pecado e a morte, sobre o inferno e Satanás, e agora estava ansioso para distribuir através da Sua Igreja, por meio dos Seus Apóstolos, a copiosa Redenção conquistada com Sangue. Antes mesmo do dia de Pentecostes, Jesus já dá o Espírito Santo aos Apóstolos, para que desde aquele momento, sem perda de tempo, distribuíssem ao mundo o perdão dos pecados que Ele conquistou, como “o Cordeiro de Deus (Agnus Dei) que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
O Sacramento da Confissão é a aplicação imediata a cada cristão da copiosa Redenção que Jesus conquistou para toda a humanidade. É o momento em que o Seu Sagrado Coração se dilata de amor e misericórdia para com qualquer pecador arrependido que venha a Ele pedir perdão. No Sacramento o sacerdote nos perdoa “em Nome de Cristo” e pela autoridade que Ele conferiu somente à Igreja Católica. A fórmula da absolvição que o Sacerdote da Igreja latina usa, exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, através da oração e ministério da Igreja: “Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.”
Leia o que grandes Padres da Igreja disseram sobre este Sacramento:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona, doutor da Igreja:
“Se na Igreja não existisse a remissão dos pecados, não existiria nenhuma esperança, nenhuma perspectiva de uma vida eterna e de uma libertação eterna. Rendamos graças a Deus que deu à Sua Igreja um tal dom”. “Fazei penitência, como é costume na Igreja, se quereis que ela ore por vós. Ninguém diga – eu faço penitência secretamente diante de Deus. Ele sabe-o e perdoa-me, porque faço penitência em meu coração… Poderemos nós anular o Evangelho e a palavra de Cristo?”
São Leão Magno (400-461), Papa e doutor da Igreja:
“Deus em sua infinita misericórdia, preparou dois remédios para os pecados dos homens: o batismo e a penitência. Pelo batismo nascemos para a vida da graça; pela penitência recuperamo-lo, se tivermos a infelicidade de perdê-la. Todo cristão, portanto, deve examinar a sua consciência, não adiando dia a dia a sua conversão. Ninguém espere satisfazer a justiça de Deus na hora da morte. É um perigo para os fracos e ignorantes adiar a sua conversão para os últimos dias de sua vida.”
São Gregório Magno (540-604), Papa e doutor da Igreja:
“Os Apóstolos receberam, pois, o Espírito Santo para desligar os pecadores da cadeia dos seus pecados. Deus fê-los participantes do seu direito de julgar; e eles julgam em Seu Nome e em Seu lugar. Ora, como os bispos são os sucessores dos Apóstolos têm o mesmo direito”.“O pecador, ao confessar sincera e contritamente os seus pecados, é como Lázaro: já vive, mas está ainda ligado com as ataduras de seus pecados. Precisa de que o Sacerdote lhas corte; e corte-lhas absolvendo-o”.
O Catecismo da Igreja ensina que: §1446 – “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a Segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça”.
A Igreja ensina que não há pecado, por mais grave que seja, que não possa ser perdoado na Confissão Sacramental, desde que o pecador esteja arrependido e se confesse com o propósito de abandonar o erro.
Por isso, neste Segundo domingo de Páscoa, o da Divina Misericórdia, o Coração de Jesus, está mais aberto ainda, para acolher e perdoar os pecadores arrependidos. Não deixe para acertar as suas contas com Deus na eternidade, faça isso já, aqui e agora, é muito mais fácil, porque neste tempo a Misericórdia supera a Justiça.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br