O Papa Bento XVI foi do exército de Hitler?
Alguns me perguntam se é verdade que o Papa Bento XVI fez parte do exército de Hitler. E isto infelizmente é utilizado por aqueles que querem denegrir a imagem do Papa, como se pudesse caber na cabeça de alguém que um cardeal da Igreja, hoje Papa, pudesse ter sido colaborador de um dos piores carrascos que a humanidade já viu. Somente pessoas com muita má fé ou por ignorância poderiam pensar tal desatino.
No livro “O Sal da Terra”, o então Cardeal Ratzinger deu um longa entrevista ao jornalista Peter Seewald, onde conta a sua vida e seu maravilhoso trabalho de muitos anos pela Igreja. Entre outras coisas, o jornalista lhe perguntou: “O senhor pertenceu à Juventude Hitlerista?”; ao que ele respondeu:
“De início não pertencíamos. Contudo, com a introdução, em 1941, da juventude Hitlerista obrigatória, meu irmão tornou-se membro de acordo com essa norma. Eu ainda era muito novo [14 anos ], mas mais tarde fui inscrito na juventude Hitlerista quando estava no seminário. Assim que saí do seminário, nunca mais fui lá. E isso era difícil porque a redução da mensalidade, de que eu realmente precisava, estava ligado à comprovação de frequencia à juventude Hitlerista. Mas, graças a Deus, tive um professor de Matemática muito compreensivo. Ele próprio era nazista, mas um homem consciencioso, que me disse “ Vai lá uma vez para resolvermos isso…” Quando viu que eu realmente não queria ir , disse: “Entendo, eu dou um jeito nisso”, e assim pude ficar de fora (p. 44).
Pouco depois, os dois irmãos Ratzinger seminaristas foram mobilizados compulsoriamente e enviados para diferentes postos militares. O futuro Papa fez serviço militar na guarnição antiaérea de Munique, mas nunca atuou como soldado beligerante. Ele e outros tinham permissão de assistir às aulas no Colégio Maximiliano de Munique. Fora das horas de serviço, podiam fazer o que quisessem, e lá havia um grande grupo de católicos “engajados” que conseguiram organizar até aulas de religião, e de vez em quando podiam ir à igreja. (ver o livro ” A minha vida”, Ed. Paulinas, SP).
Mais tarde, em 20 de setembro de 1944, foi levado para um campo de trabalhos forçados em Burgenland. “Aquelas semanas de trabalho braçal ficaram-me na memória como uma recordação opressiva. Aprendemos a pegar e levar sobre o ombro a enxada com uma cerimoniosa disciplina militar; a limpeza da enxada, na qual não podia ficar a menor partícula de pó, era um dos elementos essenciais dessa pseudo-liturgia… Toda uma liturgia e o mundo que se construía em torno dela apresentavam-se como uma grande mentira” (citado no livro “Joseph Ratzinger, uma biografia”, de Pablo Blanco, Ed. Quadrante 2005, pp. 31 e ss.).
Isto mostra que se o Papa esteve na juventude Hitlerista é porque foi obrigado, e dela se livrou tão logo foi possível; e, no exército jamais esteve à frente de uma batalha.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br