EU SOU UM JARDIM

Nas últimas semanas uma música do CD Jardim Secreto, vem sendo a canção que embala meus momentos de oração pessoal. “Eu Sou Um Jardim” traduz, em acordes sensíveis e letra que parece ter brotado de profundas provações, valores que o homem costuma dar às aquisições materiais, a posição social e a falta de tempo para riquezas bem mais valorosas.

“Não importa se o homem compara o meu valor, com moeda deste tempo”. Existem pessoas que medem mesmo o valor do próximo com as moedas, as posses e poses deste tempo. Então uma pergunta me incomoda. Qual é o valor que costumo dar a comparações assim? Em meio a tantos carros importados ou não, “griffes” famosas ou falsificadas, mp3,4,5,6,7,8,etc, leptops e tantas outras maravilhas tecnológicas, ainda consigo lembrar que na verdade sou propriedade de Deus?

“Eu fui comprado pelo sangue, que não se mede o seu valor e que na cruz jorrou”. Mesmo assim hoje em dia corro o risco de me esquecer deste marco entre o velho e o novo tempo. As imposições materiais e sociais deste mundo podem provocar sofrimentos, simplesmente pelo fato de achar que o melhor da vida é o que quero e não o que preciso viver. Esqueço de olhar para a cruz e o crucificado, quando sou convidado a abraçar minha cruz de cada dia.
“O homem não consegue olhar nos olhos do Senhor”. Fico imaginando a cena do jovem rico que ao ser convidado a deixar tudo e seguir Jesus, baixou os olhos e desistiu do melhor caminho e continuou preso as quinquilharias daquele tempo. Quantas vezes eu sou convidado a renunciar o meu tempo, o meu lazer, meus pertences para seguir a trilha estreita e mais conveniente. Só que ao entrar nela e perceber as durezas do caminho, começo olhar para trás, dou alguns passos e logo nos primeiros arranhões e pedras que preciso transpor, já quero voltar para o caminho largo e aparentemente seguro.

“Ninguém me tocará. Nada vai me separar dos braços do Amado Salvador. Eu sou um jardim”. Quando chego a essa parte da música sou invadido por uma certeza de que posso e consigo ser diferente do “modelo” ditado pelo mundo. Só preciso ter a coragem de continuar a trilha estreita.

Então começo a imaginar um jardim guardado em Deus. Não faltará água porque a fonte não seca. Não faltará vitalidade porque a terra é cultivada com o necessário para se tornar fértil. Revirada com enxadas da dor e do amor. Este jardim será sempre renovado após cada estação da vida. Virá o vento do outono que varrerá as folhas secas. As lágrimas, da chuva de inverno, virão revigorar os canteiros. As flores nascerão com todas as cores da primavera. O sol virá iluminar cada recanto regado pelo orvalho do verão na noite escura que sempre passará.

Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
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Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.