VIVA O APAGÃO

Comentava com um amigo de trabalho a importância de um apagão em nossa vida. O quanto ele pode nos levar a refletir sobre nosso modo de vida, nossas dependências eletroeletrônicas, nossa falta de tempo pro diálogo e nossos vícios e comodismos.
O apagão de terça-feira a noite foi um prato cheio para a imprensa brasileira.  Foram críticas e mais críticas, quanto a demora em divulgar o resultado do “o que provocou o apagão?”. Teve emissora que contou as horas e narrou: “foram mais de 20 horas para divulgar…” E tome a mostrar os prejuizos, os sinais que não funcionaram, os pacientes dos hospitais despreparados sendo transferidos para os preparados, os resgates nos elevadores.
Mas será que alguém pensou que em pleno século 21, em meio a e-mails, internet, tv digital, energia solar, heólica, etc, ainda existem brasileiros que não sentiram nenhuma diferença com o apagão. Será que aquele lugarejozinho sem energia elétrica, água tratada, estrada asfaltada, plantação irrigada, teve sua rotina modificada com o apagão?
Então, um apagão como o dessa semana, serve muito bem para lembrar a nossa fragilidade, quando depositamos nossas agilidades, intelectualidades, habilidades e outras “ades” em lugares errados.  Um simples raio pôde modificar toda uma rotina de quase duzentos milhões de brasileiros.
Essa reflexão eu fazia, algumas horas depois que começou o apagão, esticado numa rede da varanda. Até fiquei um pouco preocupado com a falta de energia, mas minha rotina noturna não mudou.
Em pensar que houve um tempo em que as famílias e vizinhos ficavam com suas cadeiras nas calçadas das casas papeando. Em pensar que 30, 40 anos atrás as novelas, os sites pornográficos, os DVD eróticos, não contaminavam e nem eliminavam a boa prosa.
Em pensar que a vela, tão esquecida nos dias comuns e tão lembrada em apagões como o de terça-feira, ainda ilumina o papo de quem todo o dia conversa com Deus.
E viva o apagão!!!

Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova

jornalistasp@cancaonova.com


Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.