Quando lentamente, o andamento das votações me fez compreender que a guilhotina teria caído sobre mim, comecei a ter vertigens. Estava convencido de que tinha desempenhado a obra de toda uma vida e de poder transcorrer meus últimos dias em tranquilidade. Com profunda convicção disse ao Senhor: ‘Não me faças isso! Dispões de pessoas mais jovens e melhores, que podem enfrentar esta grande tarefa com outro impulso e vigor’. Fiquei então muito comovido com uma breve carta que me escreveu um irmão do Colégio Cardinalício. Recordou-me que, por ocasião da missa por João Paulo II, eu tinha centrado a homilia, partindo do Evangelho, na palavra que o Senhor disse a Pedro junto do lago de Genesaré: ‘Segue-me!’. Expliquei que Karlo Woitila recebeu sempre de novo este chamado do Senhor, e como sempre de novo, tivera de renunciar a muito e dizer simplesmente: Sim, sigo-te, mesmo se me conduzes onde não quero’. O irmão escreveu-me: ‘Se agora o Senhor dissesse a ti ‘Segue-me, então recorda-te do que pregaste. Não te recuses! Sê obediente como descreveste o grande papa, que voltou à casa do Pai. Isso admirou-me profundamente. As vias do Senhor não são confortáveis, mas nós não somos criados para o conforto, mas para as coisas grandes, para o bem. Assim, no final não pude fazer mais do que dizer sim. (Papa Bento XVI)
Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
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