Prêmio de Consolação

Você é capaz de viver desprendido de tudo que enche seus olhos e o faz viajar para a “zona de conforto”? De parar de querer sempre o bom e o melhor?  Pois é, no fim da semana que passou o Papa Francisco voltou a nos “sacudir” com seus ensinamentos.  Me fez lembrar até a história real de um homem que por amor a Cristo foi capaz de renunciar seus bens. Mas antes de entrar nessa história, confira as palavras do Papa Francisco. Ele falou aos seminaristas, noviços e noviças,  num encontro no Vaticano.  Francisco frisou que o chamado é primeiramente uma alegria que não nasce do possuir o último modelo de smartphone, de moto ou carro:  “Digo realmente a vocês que me sinto mal quando vejo um sacerdote ou uma religiosa com um carro chique. Não pode ser assim! Reconheço que o carro seja necessário, pois nos ajuda a nos mover com facilidade. Comprem um carro mais simples. E se você gostou do carro bonito, pense nas muitas crianças que morrem de fome. Somente isso.” Depois de ler isso lembrei de um homem que tomou a decisão de se desprender totalmente em troca da vontade de Deus. Sua paixão era carro. Queria sempre ter o mais bonito e confortável. Até que um dia, sentiu que Deus o chamava a viver o simples. Vendeu o carro, trocou o salário alto de uma empresa, por um mínimo e se sentiu muito realizado, pois sabia que sua felicidade interior estava preenchida porque cumpria os desejos do Senhor. Da venda do carrão, sobrou um tostão, que só deu pra comprar um carro velho, sem trancas, sem documentos, sem pintura descente e com aspecto de sucata. Foram 5 meses vivendo essa dura experiência. Os bancos confortáveis de couro dos carrões que teve, deram lugar às espumas amareladas que saltavam da lona dos bancos velhos. As chaves com alarmes embutidos, deram lugar a uma botoeira no painel, que servia para dar a partida no “prêmio de consolação”. O bichinho nem chave tinha. Era só entrar apertar o botão e sair. Isso quando ele ligava né.  O tempo passou e a cena do homem com sua condução, pois nem dava pra chamar de carro, incomodava todos.  Mas esse foi o tempo em que Deus mais trabalhou na vida do rapaz. Ensinou a viver o desprendimento, a vida simples e o sorriso era muito mais fácil que antes, pois não havia mais aquela preocupação em ter uma suprermáquina e sim uma condução.  Não havia mais medo de ver o carro arranhado ou quebrar na estrada. Primeiro que a pintura era muito queimada de sol e cheia de arranhões e segundo porque era impossível a sucata sair do pequeno trajeto. Não aguentaria rodar tanto e se rodasse a polícia certamente prenderia por atentado a vida de quem o conduzia e quem passasse por ele na estrada.  Depois dos cinco meses o homem, já desprendido e formado no tempo da carestia, foi ouvindo do Senhor que agora era hora de voltar a ter um carro. Um carro simples, mas funcional e que serveria, principalmente de auxilio para aqueles que não tinham sequer um “prêmio de consolação”.  Precisou trocar de emprego, para ganhar um pouco mais e dar novos passos, agora firmes e retos. Hoje o homem anda de carro 2005, mas simples e objetivo, conforme Deus desenhou. Não sei qual o desprendimento que precisa viver, mas dê o primeiro passo e o restante Deus lhe conduzirá.

Deus abençoe!

Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
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Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.