Camélia Que Morreu

camelia-vermelha“Oh Jardineira por que estás tão triste? Mas o que foi te aconteceu? Foi a Camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu! Vem Jardineira, vem meu amor! Não fique triste porque esse mundo é todo seu e tu és muito mais bonita que a Camélia que morreu!”

Eu era um menino de 7, 10 anos, quando ouvia minha avó cantarolar essa marchinha, enquanto encarava um tanque de concreto, repleto de roupas para lavar. Era um canto choroso, de alguém que busca nas estrofes da canção, um motivo novo para viver bem o dia.

Hoje as vovós são motorizadas. Máquinas possantes pra lavar dezenas de quilos de roupa, pra lavar louça, pra aspirar o pó da casa e esquentar o PF nosso de cada dia em 1 minuto.

Hoje os meninos não brincam mais de carrinho de rolimãs no quintal ao som de “A Camélia que morreu”. Primeiro que não tem mais composições com profundidade assim. Depois também não tem avó que encare um tanque de roupas cantarolando. E por último, também faltam pais que façam carrinhos de rolimãs pros filhos. Preferem ligar a TV e colocar um daqueles desenhos cheios de mensagens subliminares pros filhos. Isso sem falar do imbatível vídeo game.

Vejo meu filho brincar na terra com seus carrinhos e penso que posso fazer diferente. Preciso fazer com ele o que um dia meu pai fez por mim. Caminhãozinho de madeira, carrinho de rolimã, pipa com rabiola grandona pra ficar mais bonita no céu. Ouvir e observar os passarinhos a cantar. E quem sabe com um pouco mais de inspiração divina, não vejamos a chuva molhar a terra seca e a transformar sementes em plantas.

Mas de tudo que posso fazer por meu filho, baseando-me no que recebi de meu pai, o mais importante foi e sempre será Deus e sua igreja. Nele aprendeu e ensinou o lindo sentido de ter e cuidar de uma família. Morreu ainda jovem, mas soube me colocar nos trilhos dessa estrada, que apesar de muitas curvas, tem muitos pontos de retidão e que vão me levar ao ponto final que se chama céu!

Deus abençoe!

Wallace Andrade
Jornalista e Missionário
Comunidade Canção Nova


Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.