Perdemos "Juquinha"

betaHoje meu filho de 2 anos começou o dia com uma triste notícia. Seu peixe morreu e ele foi o primeiro a perceber, porque sempre teve como rotina brincar com “Juquinha”.  O Beta já fazia parte de seu mundo, há quase um ano. Sua primeira reação ao ver o peixinho caído no fundo do aquário, foi de um choro doído, que me comoveu. Chorava como alguém que perdeu um ente muito querido. Chorava como alguém que já tinha a dor da saudade apertando o peito. Chorava como alguém que sabia que as próximas manhãs seriam sem o “Juquinha”. Então tomei uma decisão importante e que serviria de formação para sua vida. Peguei o bicho coloquei num guardanapo e mostrei ao meu filho. Para ele era um ângulo e uma proximidade tão grande, que o choro voltou ainda mais forte. Então fomos sepultar a criaturinha num pedaço de terra no quintal. Você acredita que depois de colocá-lo na cova de 4cm x 3cm e 2cm de profundidade, e arrastar a terra sobre o falecido, o menino voltou a gritar: “Papai, eu quero o “Juquinha”.  Aí, nem eu mesmo consegui segurar minhas lágrimas. Certamente esse dia marcará a vida e os sentimentos de meu filho para sempre. E sua manhã foi de um luto cristalino. Percebi bem o quanto ele estava sofrendo com o adeus ao peixinho. E pra piorar a situação, quando voltamos para a sala e ele viu o aquário vazio, chorou mais um pouco e completou: “e agora papai, o Juquinha não vai voltar?”. Depois de explicar um pouco mais sobre essa perda irreparável e me esforçando para que ela não causasse nenhum dano emocional, lancei um desafio. “Filho, agora vamos procurar um amigo do Juquinha, pra brincar com você?” De início, ele não queria, mas depois aceitou a ideia e acharmos outro Beta, com as mesmas características. As lágrimas deram lugar ao sorriso e achei que ele substituiu o “morto” pelo “vivo” muito rápido. Mas resolvi não provocar mais reações. Na hora do almoço, quando a mamãe dele chegou, ele contou tudo o que havia acontecido. Vi aqueles pequenos olhos pretinhos, brilharem feito turmalinas, ao lembrar a partida do “Juquinha”. Terminamos o dia com a certeza de que nosso filho teve uma importante lição hoje. A de saber que a vida é feita de perdas e que os danos só nos tiram o equilíbrio se esquecemos e não nos rendemos ao Senhor e criador de todos os seres que povoam esse mundo.

Deus abençoe!

Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
@wallaceandrade9


Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.