NO TREM DA ESTRADA

Viver em Tua presença Senhor, requer disposição e certeza de que em muitos caminhos estaremos só eu e o Senhor. Nem todos tem perseverança e persistencia de permanecer em Tua presença, porque significa renúncia de desejos humanos, representa falta de entendimento e de compreensão das escolhas que fazemos. Ser do Senhor neste mundo, é sempre trilhar numa estrada bem estreita e muitas vezes sem riquezas, sem realizações materiais, sem reconhecimentos humanos e sem conquistas de coroas que perecem. Mas os que fazem essa escolha por Ti sentem algo que é único. Se sente amparado e com um verdadeiro amigo que te escuta e te aconselha. Que te aponta um caminho reto e te revela a vitória que há no fim do percurso.  Dia após dia, se tem mais fome e mais sede de Ti. Em contrapartida se sente mais saciado de conversas desnecessárias, supervalorizações humanas, desejos fulgazes e sonhos que se tornam pesadêlos.  Em pequenos sinais que são plantados no caminho, revela Seu carinho, sua presença e seus sinais.  Até mesmo em um pássaro que aparece para me dar bom dia e que segura uma placa de alerta para as batalhas desse dia que começa.

Mas sempre em algum momento do dia as recordações reascendem as amizades, que foram tão importantes e tão necessárias em nossas vidas, mas que ficaram tão distantes como uma estação ferroviária que se passa numa longa estrada de ferro. Ainda é possível lembrar de alguns detalhes dessa amizade, mas aos poucos elas vão desaparecendo, pelo simples fato de não passarmos mais por essa estação da vida.  Todas as alegrias vividas em momentos fraternos, todas as conquistas feitas pela força deste amor fraterno, todos os sonhos realizados por esse conjunto de emoções vivas, são como as belas paisagens que são admiradas pela janela desse trem de sentimentos. A florada das árvores, o verde vivo das plantas, o espelho de um belo córrego, tudo é muito lindo, mas passa com uma velocidade de quem está na janela de um trem bala.  Quando me dou por mim, a paisagem já mudou, as curvas da estrada já não são para esquerda, mas para a direita da ferrovia e a sensação continua a ser de incertezas e surpresas, ora agradáveis, ora desagradáveis.

Em cada estação desta vida se tem a oportunidade de marcar o coração com belas amizades. Mas esse trem da vida precisa continuar a viagem, porque existe uma estação final, onde será possível desligar a máquina, apagar as fornalhas que alimentam a “Maria Fumaça” e esvaziar os vagões das bagagens e cargas que foram recolhidas no caminho. Aquelas coisas desnecessárias para a estação final da vida, onde não há mais riscos e onde os perigos do trajeto são cessados. Maquinista e máquina seguiram por tanto tempo juntos, que até sentem o momento de se separarem definitivamente. Como se não acreditassem que a viagem acabou e que corpo e alma precisam seguirem seus rumos.  Não se sabe quanto tempo cada conjunto e maquinista seguem juntos. Não se sabe quanto tempo corpo e alma seguem como um só. Mas é possível saber que na estação certa a viagem vai chegar ao fim. E todos os seres e paisagens que decoraram o caminho serão lembrados na hora do apito, do “piuuiiii” final. Seja nos altos céus ou nas profundezas da terra o barulho da locomotiva cessará. O burburinho dos embarques e desembarques chegou ao fim. E no apagar das luzes da estação que vai virar ruínas, o olhar congelado nas lembranças que não irão mais ser vividas. E no piscar dos olhos o cenário será outro, com amargas e agitadas sensações de dores eternas, ou com doces e suaves fragrâncias. Tudo será para cada um conforme as buscas almejadas nesse mundo. Que saibamos fazer sempre as escolhas certas, porque aqui nesse mundo é certo que tudo vai passar!

Deus abençoe!

Wallace Manhães de Andrade
jornalista e missionário
Comunidade Canção Nova 

 


Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.