A sétima arte apontando temas que servem de alerta para a sociedade
Pelo nome do filme, você agora deve estar pensando num quarto lindo, de um garoto de nome Jack. Ainda pode imaginar os diversos objetos espalhados entre as quatros paredes: notebook, celular, livros, quadros, bola, roupa etc. Nada disso! O longa “O quarto de Jack” ( Room no original) mostra a história de Jack (Jacob Tremblay ), um menino de cinco anos que é criado por sua mãe Joy Newsome (Brie Larson ), em um cativeiro. Má, como é carinhosamente chamada por Jack foi sequestrada ainda quando criança e isolada do mundo, presa por sete anos em um contenier.
O filme retrata a obra Room (2010) da escritora irlandesa Emma Donnoghue e é adaptado por ela mesma ao cinema. Sem dúvidas, adaptar um livro para um roteiro cinematográfico não deve ser tarefa fácil, mas em Quarto de Jakc, Emma realizou com muito habilidade, pois na história do cinema, constata-se filmes que originaram de livros que foram considerados um fracasso. Leitores de “O silêncio dos inocentes”, “Jogos Vorazes”, dentre outros, retratam nos sites de crítica, que os filmes destoavam da obra escrita, e muito das vezes trazem controvérsias. Este não o caso de Room.
Com cores suaves, mas em clima sombrio, para realizar o efeito de imersão do telespectador o longa mostra claramente uma realidade dos último tempos: o sequestro e o tráfico de pessoas. Em 2013 o Brasil registrou 1.583 casos de sequestros – o número é considerado pequeno, uma vez que a maioria dos casos podem não ter sido declarados. Porém no rankig mundial, o país é considerado o quinto com mais risco de sequestros.
A trilha sonora o tempo todo faz o coração acelerar, a qualquer momento algo terrível pode acontecer… O espectador é levado a colocar-se no lugar, hora de Jack, hora de sua mãe tentando uma saída para ganhar o mundo, fugir do cativeiro. As 21 canções do álbum “Room” retratam, por assim dizer, o mundo interno e esperanças que Joy Newsome anseia. Com a maior das cenas gravadas em widescreen – tela larga -, o diretor leva o espectador viver uma experiência claustrofóbica. Podemos nos perguntar: quantas pessoas hoje vivem em estado de claustrofobia em sua próprias casas e condomínios com o medo da violência? Ou ainda, poderíamos destacar as prisões interiores do ser humano, frutos de uma doença psicológica.
O mais extraordinário do filme é ver que mesmo vivendo num ambiente de uma prisão infernal ( quarto apertado, sujo, poucos recursos de sobrevivência), a mãe de Jack constrói outra realidade para que o filho não sofra. Através de histórias e contos ela ajudar o filho construir em sua mente um universo para além do que se vê naqueles sete anos de prisão. Para encarar esse papel a atriz Brie Larson isolou-se por um mês e seguiu uma rigorosa dieta, a fim de ter uma noção do que Ma e Jack passaram. O filme pode ser dividido em duas partes, a primeira: o tempo de cativeiro que Joy e Jakc vivem. A segunda parte é adaptação de Joy de volta a casa, família, a sua vida que lhe fora roubada.
Lá pro final da trama, depois de um revirada na história, Jack passa ver o mundo com outros olhos, como se nascesse outra vez. Depois de anos da tragédia, é Jack que será o elo de união entre a família: Joy e seus pais. Brie Larson venceu o Oscar de melhor atriz por “O Quarto de Jack”. Contudo, o garotinho também merecia pegar a estatueta de ouro. Para quem já viu, vale a pena ver de novo e ainda aprofundar, talvez lendo a obra Room.
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