Estou crucificado com Cristo… (Gl 2, 20)
Em novembro de 2010, por ocasião do XIX Mundial do Doente, o Santo Padre Bento XVI deixou-nos uma linda mensagem. Convido você a caminhar comigo em alguns pontos desse riquíssimo texto e extrair as belezas que ele contém, confrontando-o com traços do Carisma Filhos de Maria. Ajude-nos o Espírito Santo. Ajude-nos também a Virgem Maria, Mãe das Dores e Mãe de Misericórdia.
Iniciemos com um trecho que está entre as primeiras palavras do Pontífice, que diz: Se todos os homens são nossos irmãos, aquele que é débil, sofredor ou necessitado de cuidado deve estar mais no centro da nossa atenção, para que nenhum deles se sinta esquecido ou marginalizado.
Em nossos escritos, nossa mãe fundadora diz que buscamos viver o amor a todos os irmãos, preferencialmente os pobres e, dentre eles, os mais pobres entre os pobres.
A Igreja, seguindo o Cristo, faz uma opção preferencial pelos pobres. Entendemos, como Madre Teresa de Calcutá, que entre eles o pobre enfermo tem especial lugar no olhar de Cristo e, logo, de sua Igreja, da qual somos todos membros. O Santo Padre nos exorta a esse olhar atencioso, compassivo para com aquele que necessita de nosso cuidado e não pode ser por nós, de modo algum, abandonado.
Segue o papa afirmando que em cada sofrimento humano, portanto, entrou Aquele que partilha o sofrimento e a suportação; em cada sofrimento difunde-se a con-solatio, a consolação do amor partícipe de Deus para fazer surgir a estrela da esperança (cf. Carta enc. Spe salvi, 39). Exorta, ainda: repito esta mensagem, para que sejais suas testemunhas através do vosso sofrimento, da vossa vida e da vossa fé.
Em nossa formação, Érika nos ensina ao falar do martírio de alma: esse nós podemos buscar ao escolhermos uma vocação ao sofrimento, a abraçar e tomar para si mesmo as misérias dos nossos irmãos, a aceitação da enfermidade com um coração grato não deixando se perder qualquer sofrimento sem uni-lo a paixão de Cristo e a sua redenção salvífica.
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O sofrimento pode ser vivido de muitas maneiras. Vemos no mundo que a desesperança e a falta de sentido estão entre aquelas formas mais comuns de vivê-lo. Pede-nos Bento XVI que, a exemplo de Jesus (que se compadece de nossa dor, pois homem das dores), sejamos testemunhas não só por meio de nossa vida e de nossa fé, mas também através de nossas dores e de nossos padecimentos. Em nosso Carisma, somos chamados a não desperdiçarmos qualquer oportunidade de nos unir ao Cristo que sofre, repetindo a experiência de Paulo: Estou crucificado com Cristo… (Gl 2, 20)
Antes de concluir, nosso Pastor traz à sua reflexão a figura de Maria, fiel imagem do Filho, vítima de Amor. Escreve: Na hora da Cruz, Jesus apresenta-lhe cada um dos seus discípulos, dizendo-lhe: «Eis o teu filho» (cf. Jo 19, 26-27). A compaixão materna para com o Filho torna-se compaixão materna para cada um de nós nos nossos sofrimentos quotidianos (cf. Homilia em Lourdes, 15 de Setembro de 2008).
Lemos em nossos escritos: pedimos à Virgem Maria para estarmos ao seu lado na Cruz, sofrendo as dores de Jesus, num doce martírio de alma.
Nosso amado papa destaca a com-paixão da Mãe pelo Filho, que com Ele sofre, na alma, suas dores e suplícios. Nossa fundadora roga a Maria que possamos estar ao Seu lado, de pé, para aprendermos de seu Imaculado Coração a “sofrer com” Jesus. Unidos a esse Cristo que se nos apresentará um sem número de vezes em tantos “crucificados”, nossos irmãos e irmãs enfermos sofredores.
Ao mergulharmos nessas palavras, pedimos ao Senhor a graça de compreendermos o verdadeiro sentido do sofrimento e sua beleza, sempre iluminados pela força da cruz de Cristo. Que em nossos apostolados, sobretudo naqueles com os doentes, possa em nós resplandecer a luz de Jesus ressuscitado, que passou pelo sofrimento e não somente o venceu. Mais que isso, deu sentido a ele.
Alysson Figueiredo
Comunidade Filhos de Maria
Montes Claros – MG