Como se confirma a santidade de um homem? Você já pensou nisso?

O cancaonova.com traz para você um programa especial com o Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal José Saraiva Martins, a fim de esclarecer todas as suas dúvidas sobre a vida  dos servos de Deus que viveram de forma heroica as virtudes cristãs.   Será disponibilizado um programa por mês.

Fique ligado!

Como podemos entender o termo santidade à luz da doutrina da Igreja Católica?

Cardeal Saraiva Martins: A santidade consiste na perfeita união com Cristo. Ela é, pois, ao mesmo tempo, o fruto da graça de Deus e da livre resposta do homem. «Para fazer de um homem um santo só é necessário a graça. Quem duvida disso não sabe o que é um santo nem o que é um homem», observa. Recorro a esta observação para apontar duas perspectivas de reflexão: no santo convergem a celebração de Deus (da  graça divina, precisamente) e a celebração do homem, nas suas potencialidades e nos seus limites, nas suas aspirações e nas suas realizações.

De qualquer maneira, é importante compreender antes de mais nada que a santidade não significa realizar algo de extraordinário, longe do alcance do homem comum, mas sim fazer bem as coisas ordinárias, no trabalho, na escola, na família, no sacerdócio ou na vocação consagrada.

Na sua essência, a santidade é uma realidade única que, no entanto, apresenta simultaneamente milhares de facetas. Entre os seus objetivos está o de atingir a perfeição da caridade, isto é, o grau superior de amor para com Deus e com o próximo. E isso exige que se cumpra, na vida pessoal, o projeto que Deus desenhou expressamente para cada homem, que não é um produto «feito em série», mas antes uma obra de artesanato divino.

O Senhor, de fato, não criou e redimiu o homem com o fim genérico de o glorificar, sem mais especificações, deixando-o depois à mercê dos acontecimentos. Pelo contrário, preparou um projeto personalizado para cada pessoa. Esse plano não se apresenta todo de uma vez, mas manifesta-se gradualmente no dia a dia da existência. Para a sua realização, Deus quer contar com a nossa resposta livre e com a nossa iniciativa inteligente. O homem é, portanto, chamado a entrar em comunhão com Deus Pai sob a orientação do Espírito Santo, a viver plenamente a sua filiação divina, a identificar-se cada vez mais perfeitamente com Cristo, a tornar-se, enfim, não alter Christus, outro Cristo, mas ipse Christus, o próprio Cristo. E Cristo é o homem perfeito, porque é a própria santidade de Deus encarnada, feita no tempo e história.

Por isso, o sentido neste início de terceiro milênio é, sem dúvida, o mesmo de sempre. Temos de escutar a voz de Deus, que nos fala através dos santos, temos de viver como eles viveram e ser coerentes com as exigências do Evangelho; tornarmo-nos dóceis à inspiração do Senhor seguindo fielmente a vocação que Deus dá a cada um; vivendo-a, seja ela qual for, segundo um autêntico espírito cristão (Extraído do livro  ” Como se faz uma santo” pp.12-13).

Sobre o Cardeal

José Saraiva Martins nasceu a 6 de janeiro de 1932 em Gagos de Jarmelo, Portugal. Tendo entrado ainda jovem para a Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria, foi ordenado sacerdote a 16 de março de 1975. Docente de Teologia e Reitor da Pontifícia Universidade Urbaniana, durante o período da sua atividade acadêmica publicou vasta e notória obra de Teologia. Em 1988 foi nomeado arcebispo secretário da Congregação para a Educação Católica. Foi de 30 de maio de 1998 até 9 de julho de 2008 Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Elevado a cardeal pelo Papa João Paulo II em 21 de fevereiro de 2001, foi-lhe atribuído o título da basílica de Nossa Senhora do Sagrado Coração.

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