A celebração da primeira Missa no Brasil deu-se no domingo de Páscoa, a 26 de abril de 1500, quando fincaram uma cruz no chão macio de um banco de areia em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia. Esta cerimônia seria a primeira de tantas que, desde então, foram celebradas neste chão que veio a se tornar o maior país católico do mundo.
Disse Pero Vaz de Caminha, na Carta a El-Rei, em primeiro de maio de 1500: “…E quando veio o Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles [os índios] se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado. E, então, tornaram-se a assentar como nós… E em tal maneira sossegados, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção. Enquanto dois carpinteiros separavam um enorme tronco para a feitura da cruz, os índios – uns oitenta ou mais tagarelas, estorvantes -, rodeavam os marinheiros em seus afazeres, olhando pasmos o efeito do fio do ferro na árvore. Da mata próxima vinham os barulhos da bicharada, o ruído forte dos papagaios, dos bugios e de uma poucas pombas rolas”.
O Frei Henrique de Coimbra oficiou a Santa Missa todo paramentado, enquanto a tripulação congregava-se na praia às voltas do altar. Tomavam posse daquela Ilha de Vera Cruz, em nome do rei de Portugal e da santa fé católica. Os nativos, dóceis, portaram-se de tal modo que Caminha convenceu-se da fácil conversão deles no futuro. “Um par de padres, dos bons, escreveu ele ao rei, bastava”.
Assim, teve início a história do nosso país: debaixo de uma cruz.
O primeiro e mais importante ato foi realizado cindo dias após a chegada dos portugueses aqui: a celebração do santo sacrifício da Missa. O sangue do Cordeiro, o único e eterno sacrifício aceito pelo Pai, já era oferecido nesta Terra de Santa Cruz há 508 anos.
Começamos bem! Iniciamos sob o signo da cruz, oferecendo o preciosíssimo Corpo e Sangue de Jesus ao Pai na Santa Missa. Após o descobrimento, bem antes desta terra ter sido banhada por qualquer outro sangue, ela foi consagrada pelo Sangue bendito do Filho de Deus, oferecido sobre o altar naquele memorável 26 de abril de 1500.
É por isso que somos um povo cheio de esperança, porque iniciamos embaixo da cruz. Iniciamos no local da vitória.
Se esta terra foi batizada com o nome de Terra de Santa Cruz, temos como sonho e confiança em Deus, que um dia esta será a terra da vitória, do triunfo definitivo do crucificado que ressuscitou: Jesus de Nazaré.
Como o inimigo foi vencido na cruz, aqui chegará o dia em que ele, finalmente, será banido e teremos o reino definitivo. O que iniciou com a cruz haverá de terminar também com a vitória definitiva dela.
Portanto, ao olhar para Jesus, não devemos jamais esquecer o que Ele afirmou: “…quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12,32).
Haverá um tempo no qual ninguém resistirá a esta atração da cruz.
Por isso, mantenhamos a esperança e trabalhemos para que isto aconteça o mais breve possível. “Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (2Pd 3,13).
A Palavra nos aponta e nós precisamos alimentar esta esperança que se transformará numa certeza: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia” (Ap 21,1).
Padre Alir
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