O governo da região da Lombardia, na Itália, anunciou que dará 4500 euros às mulheres grávidas para que não abortem. Para obter esse “benefício”, elas deverão apresentar uma solicitação de aborto motivado por problemas econômicos em um hospital ou consultório familiar. Neste caso, a mulher receberá 250 euros mensais durante um ano e meio. Para isso, estabeleceu-se um fundo de cinco milhões de euros. (ROMA, 03 Jun.10 – www.acidigital.com).
Antes, o aborto era proibido simplesmente por destruir uma vida humana inocente e indefesa; depois, passou a ser legal; agora, deve ser comprado por uma quantia em dinheiro. Certamente, não faltará alguma mulher que procure ficar grávida para apenas se beneficiar dessa quantia. A que ponto de desvalorização e desrespeito chegou-se com a vida humana “imagem e semelhança” de Deus?!
Onde estão as causas mais profundas dessa medida tão assustadora?
Entre outras coisas, esta notícia mostra o desespero a que estão chegando os governantes e economistas europeus em face do drástico controle da natalidade que a Europa e o mundo se impõem. Nenhum país hoje da Europa tem este número mínimo de filhos; o que significa que a população das nações europeias começam a diminuir drasticamente, com sérias consequências econômicas.
O cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo de Gênova e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), durante a abertura, no Vaticano, da Assembleia Plenária dos bispos italianos, realizada em maio, alertou a nação sobre o “lento suicídio demográfico ao qual a Itália está se dirigindo”. Mais de 50% das famílias italianas atuais não têm filhos, e, entre as que têm, quase metade tem somente um e o restante, dois. Só 5,1% das famílias têm três ou mais filhos. Este dado nos ajuda a entender o desespero do governo italiano (31 mai.10 – zenit.org).
Num cenário deste tipo, onde nascem poucas crianças e os idosos vivem mais de 70 anos, o número de jovens diminui, não há braços fortes para trabalhar e para pagar a Previdência Social, pois esta tem de manter as aposentadorias para os idosos, pagar os hospitais etc. Esta é a grande preocupação dos economistas hoje em muitas nações.
Os idosos, além de não poder trabalhar, gastam muitas vezes mais em saúde do que os jovens. E quem vai pagar esta conta? Por conta disso, alguns países já aprovaram a eutanásia (Holanda, Bélgica, Luxemburgo), porque, assim, podem eliminar os velhos, cujas vidas “já não vale a pena ser mantidas” com altos custos. Já são cerca de 4 mil eutanasiados na Holanda por ano. É o “prêmio” que recebem da nação aqueles idosos que deram a sua vida e o seu trabalho em função dela. Não é à toa que alguns velhinhos estão deixando os asilos da Holanda e Bélgica e se refugiando nos asilos alemães, porque na Alemanha não há a eutanásia.
Em sua última Encíclica, o Papa Bento XVI deixou claro que o controle da natalidade não é fator de desenvolvimento. Vale a pena reler o que ele disse sobre este assunto: “A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem” (n. 28). “Os pobres não devem ser considerados um ‘fardo’, mas um recurso, mesmo do ponto de vista estritamente econômico” (n. 35).
O nosso Brasil, infelizmente, está indo na mesma direção da Europa e da Itália. A nossa taxa de fertilidade já está em 2,0 filhos por mulher, ou menos. Isso significa que a população brasileira, dentro de poucos anos, começará a diminuir drasticamente. E como a população mais idosa aumenta, e com ela o número de aposentadorias, é claro que a Previdência Social terá seriíssimos problemas também aqui. O que já se faz notar.
A Igreja não se cansa de alertar o mundo para esse problema; ela está sempre do lado da defesa da vida,como disse João Paulo II: “Não tenham medo da vida”. A lógica de Deus é esta: ”o filho é sempre uma bênção!”. Como disse o Salmista: “Vede, os filhos são um dom de Deus. É uma recompensa o fruto das entranhas. Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade” (Sl 126/127, 2-4).