Um ano no qual o Cristianismo foi desafiado, mais que nunca, a resistir ao bombardeamento de tantos atentados contra a vida. O amor foi e sempre será a resposta que a Igreja deve escolher.
O Papa pediu aos jovens que não sucumbissem à manipulação, mas que tivessem a coragem de fazer escolhas. Viagens apostólicas tiveram espaço relevante nas mídias. Uma Igreja viva e atuante tendo à frente Bento XVI, o único Papa na história a beatificar seu predecessor.
Momento marcante para todos aqueles que de alguma forma foram alcançados pelo Pontificado do saudoso João Paulo II: “E o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor: João Paulo II é Beato! João Paulo II é Beato pela sua forte e generosa fé apostólica“. Quando Bento XVI pronunciou essas palavras, a Praça de São Pedro estremeceu no Domingo da Misericórdia, dia 1º de maio.
João Paulo II ensinou aos cristãos de todo o mundo e a não cristãos também que é a ‘verdade quem garante a liberdade’. No rosto marcado pela dor, ele se doou completamente sem ter medo de mostrar sua fraqueza, pois entendeu que é nos momentos de maior sofrimento que o amor é mais presente.
O Pontífice polonês esteve na nação brasileira quatro vezes e conheceu de perto a fé do nosso povo e também as lutas para manter viva a ‘Vida’. Hoje o maior país católico do planeta assiste a um verdadeiro massacre contra a Vida.
No Brasil o aborto é tipificado como crime contra a vida pelo Código Penal, porém, há quem vá às ruas e lute para que ele seja legalizado. No ano de 2010, uma pesquisa conduzida pela Universidade de Brasília (DF) revelou que mais de cinco milhões de mulheres brasileiras já abortaram.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sua 49ª Assembleia em maio deste ano, deu atenção especial a essa ameaça contra a Vida: “Juntos, unidos num só coração, esforcemo-nos pela conquista de um Brasil sem aborto, sob a proteção de Maria, que deu seu Sim à vida”. Este foi o apelo feito pela CNBB, em uma moção de apoio à Frente Parlamentar Mista contra o Aborto, afirmando que todo o trabalho desenvolvido por ela [Frente Parlamentar], composta por políticos brasileiros de vários credos e partidos, “é digno da nossa admiração e incentivo”.
Os prelados também reiteraram o compromisso da CNBB com a causa indígena. Hoje, no Brasil, vivem mais de 800 mil índios, cerca de 0,4% da população brasileira; quase todos em condições precárias e marginalizados. Os povos indígenas enfrentam os desafios do mundo moderno e lutam por melhores condições no atendimento de saúde e de educação e para manter sua cultura viva.
O país, hoje em pleno desenvolvimento com uma economia crescente, mas ainda com tantos desafios pela frente, foi presenteado com uma beata, cuja vida foi totalmente dedicada aos mais pobres: “Salve! Salve! Salve, Irmã Dulce do amor”. Enquanto o hino da religiosa era entoado, o Cardeal Dom Geraldo Majella, representante do Papa Bento XVI na cerimônia, proclamava-a beata. Cerca de 70 mil fiéis acompanharam, emocionados, o evento no Parque de Exposições de Salvador (BA), munidos de faixas, lenços brancos e imagens da freira. A partir desse domingo, a religiosa passaria a ser chamada ‘Bem-Aventurada Dulce dos pobres’.
Num olhar para o mundo vemos as várias viagens apostólicas realizadas pelo Santo Padre o Papa Bento XVI. Uma das mais marcantes foi a ida à Croácia, onde manifestou a sua preocupação pela defesa da herança e da mensagem cristã na Europa: “Infelizmente temos de constatar, sobretudo na Europa, o aumento de uma secularização que leva a deixar Deus à margem da vida e a uma crescente desagregação da família”, alertou o Sumo Pontífice em sua homilia.
*Nota: No laicismo europeu, tem-se argumentado que o secularismo é um movimento em direção à modernização, longe de valores religiosos.
O Santo Padre tem exortado os fiéis a “render generosamente a sua formação, guiados pelos princípios da Doutrina Social da Igreja, por uma autêntica laicidade, a justiça social, a defesa da vida e da família, a liberdade religiosa e educativa”.
Na mesma Europa, no mês de julho, jovens de todos os Continentes testemunharam sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Jornada Mundial da Juventude, maior evento juvenil da Igreja, criado por João Paulo II em 1986.
Seis dias de muita festa, manifestação de fé e testemunho para todo o mundo. Assim foi a 26ª edição da JMJ em Madri, na Espanha, que teve como tema: “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”. Na ocasião, o Papa pediu aos jovens que não cedessem à “tentação de ir «por conta própria» ou de viver a fé segundo a mentalidade individualista, que predomina na sociedade”.
Um momento marcante de explosão ocorreu durante o anúncio da sede da próxima edição da jornada em 2013: Rio de Janeiro, Brasil, quando Sua Santidade pronunciou as seguintes palavras: “Compraz-me agora anunciar que a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude será o Rio de Janeiro. Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com Sua força quantos hão-de pô-la em marcha e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira”, anunciou o Pontífice na Santa Missa de encerramento da JMJ 2011.
Nossa pátria já está preparando os fiéis para esta grande celebração de unidade da Igreja de Cristo com a visita da cruz peregrina e do ícone de Nossa Senhora, símbolos da JMJ, às dioceses brasileiras num grande evento chamado “Bote Fé”, que reúne milhares de pessoas.
As mídias sociais ligadas a estes momentos têm dado visibilidade, em âmbito mundial, à manifestação da fé dos jovens da Terra de Santa Cruz. Esta estatística só confirma as discussões realizadas no 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação, o Multicom, realizado no mês de julho na cidade que sediará a JMJ. Na ocasião, o presidente do Pontifício Conselho da Comunicação Social, Dom Claudio Maria Celli, afirmou que “o desafio das novas tecnologias foi aceito pelos membros da comunidade católica que trabalham com os meios de comunicação”.
De ouvidos atentos à voz do Sucessor de Pedro temos nos mantido vigilantes, a cada visita apostólica, aos direcionamentos dele não só para a Igreja local, mas para todos aqueles que são o rebanho desse pastoreio. Em visita à sua terra natal, Alemanha, o Santo Padre encontrou-se com luteranos, ortodoxos, muçulmanos, autoridades civis e os fiéis católicos alemães e declarou: “Onde Deus está presente, há esperança e abrem-se perspectivas novas e, frequentemente, inesperadas que vão para além do hoje e das coisas efêmeras”.
Em Assis, na Itália, no evento que marcou os 25 anos do encontro similar, a Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e Justiça no Mundo, Bento XVI disse que “este evento foi uma imagem do quanto a dimensão espiritual é o elemento-chave na construção da paz. Através dessa peregrinação única nós pudemos nos engajar num fraternal diálogo, para aprofundar nossa amizade, e vir juntos em silêncio e oração”.
Em Benin, na África, ele chamou a atenção das autoridades políticas: “Não priveis os vossos povos da esperança! Não amputeis o seu futuro, mutilando o seu presente”. Um Papa de olhos atentos ao mundo, no atentado contra cristãos na Nigéria, África, bem no dia de Natal, Bento XVI exortou todos a escutarem a “voz dos que não têm voz” em sua mensagem de Natal “Urbi et Orbi” (para a cidade e para o mundo). O Pontífice de 84 anos pronunciou sua mensagem e pediu por mais ajuda para aqueles que passam fome no Continente Africano e pelos atingidos por enchentes na Tailândia e nas Filipinas.
Uma Igreja capaz de dar a vida, no último 18 de dezembro, foi realizada a cerimônia em que o Arcebispo de Kirkuk, no Iraque, Dom Louis Sako, abençoou o monumento que homenageia 36 mártires cristãos da cidade, no norte do país. O memorial traz gravados os nomes de todos os cristãos que morreram durante os oito anos de guerra civil no país, após a intervenção dos Estados Unidos em março de 2003.
De fato, o ano foi marcado pela perseverança e pela fé de muitos em amar, acreditar, doar a vida num compromisso sério com o próximo.
Assista ao documentário sobre a vida do beato João Paulo II