O Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais convocou em Roma cerca de 75 bispos e vários sacerdotes em representação de 82 países para analisar os desafios e possibilidades propostos à evangelização pelos novos meios de comunicação digitais.
O dicastério da Santa Sé, presidido pelo arcebispo Claudio Maria Celli, propôs começar este encontro, concluído em março, com uma visão da evolução que a internet experimentou nos últimos anos: das páginas web e dos blogs às redes sociais (Facebook, Youtube, Flickr, Twitter etc.).
Navegando na internet junto à professora Nicoletta Vittadini, do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Católica de Milão, bispos de todos os continentes descobriram ou redescobriram estes lugares de encontro, especialmente para jovens e adolescentes.
Posteriormente, o professor Francesco Casetti, diretor do Departamento de Comunicação da Universidade Católica, refletiu junto aos prelados sobre as implicações antropológicas destas novas realidades.
O congresso, que contou também com a orientação de professores da Universidade Pontifícia Salesiana e da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, está analisando de maneira inédita a mensagem que Bento XVI escreveu para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais de 2009 sobre o tema «Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade».
Ao começar o congresso, Dom Celli explicou aos jornalistas: «Nós nos perguntaremos qual é a posição da Igreja, que o que a Igreja tem de fazer, porque é inegável, vê-se cada vez mais, e se pode ver na mensagem do Papa, que as novas tecnologias não são somente instrumentos, mas que estes instrumentos criam uma nova cultura digital».
«O grande problema do nosso congresso será ver como a Igreja está presente nesta nova cultura, oferecendo sua própria contribuição. É um tema sumamente delicado.»
Por este motivo, explica o arcebispo italiano, este congresso quer oferecer dicas para a pastoral da Igreja no mundo, que deverão concretizar-se em um novo documento vaticano.
«O documento que fundamenta nossa ação é Inter mirifica, do Concílio Vaticano II. Depois, o Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais publicou um documento muito importante, Aetatis Nova, de 1992. Pensamos que desde então passou muito tempo e que as novas tecnologias propõem novas perguntas, novos interesses, novas emergências pastorais.»
«A ideia deste congresso consiste em ver, junto aos bispos, quais são as orientações de uma nova pastoral da Igreja no campo dos meios de comunicação social. Depois, o Conselho, junto a cardeais, bispos e consultores, se empenhará na redação de um novo documento.»
No diálogo com os bispos, Dom Celli reconheceu que o grande desafio para eles é o fato de não terem nascido na era digital, o que implica que, diferentemente dos jovens, ela tem de ser aprendida.
Um jovem bispo, procedente da Nigéria, comentou que, neste sentido, os bispos têm a tarefa de aprender dos jovens, algo ao qual não estão acostumados.
Dom Celli insistiu no exemplo que Bento XVI deu ao decidir estar presente com um canal oficial no Youtube (www.youtube.com/vatican).
O prelado revelou que um jornalista lhe perguntou como é possível que um Papa se «rebaixe» para estar presente em uma realidade como essa, na qual aparece todo tipo de vídeos. O presidente do dicastério vaticano explicou que Cristo também se «rebaixou» para assumir a natureza humana, e explicou que a intenção de Bento XVI é estar «onde as pessoas se encontram».
Vários cardeais já estão presentes no Facebook, pelo que o cardeal Celli propôs a pergunta sobre se o Papa também estará nessa comunidade virtual. A resposta de Dom Celli foi prudente: não se está pensando nisso, ao menos de maneira imediata.
Fonte: Zenit