Como funciona a Congregação para as Causas dos Santos

As questões mais relevantes são analisadas e avaliadas por diversos órgãos colegiais. Por exemplo, o congresso ordinário, que se reúne todas as semanas, decide sobre a validade jurídica das investigações diocesanas; a sessão dos consultores históricos avalia o valor científico e a suficiência da documentação relativa às causas antigas; o conselho médico ou técnico examina o aspecto científico dos supostos milagres; o congresso especial dos consultores teólogos, presidido pelo promotor geral da fé, exprime o seu voto acerca da heroicidade das virtudes, o martírio, a sobrenaturalidade dos supostos milagres; a sessão ordinária dos cardeais e dos bispos, presidida pelo Prefeito da Congregação, pronuncia-se sobre as matérias em relação às quais os consultores teólogos exprimiram já o seu parecer. As conclusões dos cardeais e do bispos são depois comunicadas pelo Prefeito ao Santo Padre, que toma a decisão definitiva.


Uma nova figura jurídica, resultante da legislação de 1983, é a do relator, que, na verdade, assumiu as funções que antes eram distribuídas pelo promotor da fé e pelos advogados das causas. O relator é coadjuvado no seu trabalho por um colaborador externo, indicado pela postulação interessada. Atualmente, os prazos para a preparação das posições são mais curtos do que acontecia antes de 1983. De fato, se os colaboradores dos relatores trabalharem ativamente, uma posição em poucos anos pode ficar concluída, impressa e posta em lista de espera para os referidos colegiais.

Para o reconhecimento das virtudes heróicas é promulgado um decreto específico na presença do Santo Padre. A partir desse momento, é dado ao servo de Deus o títudo de “venerável” que, no entanto, não implica nenhuma forma de culto público. Para se chegar à beatificação, é necessário o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do venerável. Depois disso, é preciso um outro milagre para a canonização.

(Trecho extraído do livro “Como se faz um santo” de Cardeal Saraiva Martins)

Sobre o Cardeal

José Saraiva Martins nasceu a 6 de janeiro de 1932 em Gagos de Jarmelo, Portugal. Tendo entrado ainda jovem para a Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria, foi ordenado sacerdote a 16 de março de 1975. Docente de Teologia e Reitor da Pontifícia Universidade Urbaniana, durante o período da sua atividade acadêmica publicou vasta e notória obra de Teologia. Em 1988 foi nomeado arcebispo secretário da Congregação para a Educação Católica. Foi de 30 de maio de 1998 até 9 de julho de 2008 Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Elevado a cardeal pelo Papa João Paulo II em 21 de fevereiro de 2001, foi-lhe atribuído o título da basílica de Nossa Senhora do Sagrado Coração.

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