Consagrados para fazer a diferença

No dia 02 de fevereiro, a Igreja celebra a Festa da Apresentação do Senhor. Este é um dia muito importante para nós, membros da Comunidade Canção Nova, pois, nesta data, a cada ano, renovamos o nosso compromisso de pertença exclusiva a Deus. Formamos uma grande e linda família de consagrados.

Estou na Comunidade Canção Nova há 16 anos. Quando cheguei aqui, em janeiro de 1997, vivi meu primeiro ano de formação na casa de Queluz (SP). De lá para cá, quanta coisa aconteceu em minha vida! Uma nova profissão, a descoberta do meu estado de vida, o namoro, o noivado, o amadurecimento, os momentos difíceis de renúncia e enfermidade, o casamento, os filhos, os remanejamentos… Enfim, posso afirmar que a formação “ao ritmo da vida” que vivencio dentro desta Obra de Deus tem feito de mim uma pessoa diferente.

Alexandre Oliveira e família com monsenhor Jonas

Monsenhor Jonas, num dos seus escritos à comunidade, afirma o seguinte: “Ser diferente” não é um peso. É a consequência natural de ser o que somos. Mas não nego que é exigente. Já os franceses repetiam: “A nobreza obriga”. A nobreza de ser de Deus, exclusivo de Deus, obriga-nos, por natureza, a sermos diferentes (Retomada V).

Nosso fundador ainda acrescenta essa bela comparação entre o fermento e a massa: “Não adianta nada o fermento ser igual à massa. Ele está na massa, mas não é massa. Pelo contrário, a massa precisa que o fermento seja diferente. Que ele seja fermento para que ela seja massa fermentada. Deus nos quer no meio do mundo, lado a lado com os homens. Mas nós não somos do mundo nem somos como todo mundo. Os homens, pelo contrário, precisam de nós diferentes, precisam de nós realmente consagrados, para que eles sejam homens filhos de Deus” (Retomada V).

Portanto, celebrar a consagração a Deus, no dia 2 de fevereiro, é celebrar essa diferença. Não somos piores nem melhores que ninguém, apenas somos diferentes. E essa diferença se deve a uma escolha, cuja iniciativa é de Deus.

É uma enorme graça poder conviver, em nossa comunidade, com tantos irmãos que trazem os mais diversos sotaques, temperamentos, gostos e costumes, mas todos unidos pelo mesmo ideal: a santidade. É por essa santidade, essa intimidade com um Cristo “vivo e vivido”, que vamos testemunhando ser possível o nascimento de homens e mulheres novos para um mundo novo.

Mas toda essa preciosa diferença que celebramos, em 2 de fevereiro, não pode ser vivida sem essa marca: a cruz. Somos diferentes, porque fomos escolhidos por Deus, é verdade; mas a cada um que diz o seu ‘sim’ a essa escolha, Cristo faz questão de recordar: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mateus 16,24).

Agradeço a Deus por esse aprendizado de vida que é a cruz. Por meio dele, meus irmãos de comunidade são meus grandes professores: aprendo a ser um consagrado mais alegre ao admirar aquela irmã que insiste em sorrir mesmo enfrentando uma quimioterapia. Aprendo a confiar mais na Providência Divina ao contemplar aquele irmão que vai de “casa em casa” repartindo as frutas, verduras ou mesmo as roupas que ganhou numa decisão de compartilhar com os demais. Aprendo a ser mais homem de Deus ao tocar no exemplo dos meus irmãos que não começam o dia sem antes entregá-lo ao Senhor na Santa Missa.

Confesso que cada consagrado tem algo de bom a me ensinar nessa nossa grande família. E é isso que eu vou celebrar neste segundo dia de fevereiro. Seja rindo ou chorando, seja “pedindo por socorro” ou superando-se, cada homem e mulher da Canção Nova tem me ensinado que vale a pena investir a vida em Deus e fazer prevalecer o dom desta consagração, desta escolha, desta diferença.

Parabéns, Comunidade Canção Nova! Celebremos com alegria esses 35 anos em que “fazemos a diferença” no coração de tantas pessoas, acreditando que isto é, sobretudo, evangelizar.

Alexandre Oliveira – Comunidade Canção Nova

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