“Que os jovens saibam utilizar os meios modernos de comunicação social para seu crescimento pessoal e para se prepararem melhor para servir a sociedade.”
Não é novidade a apetência dos mais jovens pelas novas tecnologias, sobretudo aquelas que permitem comunicações fáceis e instantâneas. Rodeados de produtos destinados ao entretenimento e à comunicação, os mais novos desenvolvem rapidamente competências várias, sobretudo como utilizadores. E ainda bem, pois eles precisam de dominar as linguagens específicas destes meios, quer por razões de socialização, quer por razões práticas: evitar o analfabetismo digital. Isso não implica, naturalmente, descurar a sua formação noutras áreas mais tradicionais – aliás, sem estas nunca poderão ser competentes naquela.
A revolução digital trouxe consigo o aumento dos canais de informação, o aparecimento de novos agentes nesta área e a necessidade de os antigos meios de comunicação se reconverterem, acompanhando as exigências das novas linguagens. Realidades ainda há pouco inexistentes, como as chamadas “redes sociais” (Facebook, Twitter), a criação de “vidas” virtuais (Second Life), as enciclopédias livres on-line (Wikipedia), a possibilidade de qualquer pessoa criar e manter uma página na internet (blog) constituem hoje lugares comuns para milhões de pessoas em todo o mundo – sobretudo para as gerações mais novas.
2. Habitar no mundo digital
A possibilidade de pessoas e grupos comunicarem livremente no mundo digital levou a um aumento massivo da informação disponível. Só como exemplo, na internet, usando um motor de busca e a palavra “vampiro” (um dos temas da moda entre adolescentes), obtiveram-se, em 37 segundos, dois milhões e quinhentos mil resultados. A quantidade e a qualidade, porém, não andam necessariamente juntas. Importa, por isso, gerir sabiamente a informação disponível e desenvolver critérios para o uso dos meios de comunicação.
Quanto à gestão dos imensos volumes de informação disponível, sobretudo na internet, a forma mais eficaz é atender à qualidade das fontes: meios de comunicação de valor reconhecido, instituições respeitadas constituem, à partida, garantia de qualidade. O mais importante, no entanto, é o desenvolvimento de critérios que permitam fazer a selecção dos conteúdos e a reflexão crítica sobre os mesmos.
Pensando nos mais novos, isto implica sobretudo a educação dos valores: respeito por si próprio e pelo outro, apreço pela dignidade da pessoa, disponibilidade para o voluntariado e o serviço comunitário – para que seja natural aos mais novos recusarem a pornografia, o racismo, a violência gratuita, a discriminação, o egoísmo; apreço pelas formas democráticas de governo, preservação dos bens comuns, cuidado com natureza – tornando mais fácil a rejeição dos totalitarismos, dos comportamentos anti-sociais, das atitudes menos sadias; para os crentes, a educação no amor a Deus e ao próximo, a vivência comunitária da fé – abrindo caminho para dimensões da existência humana capazes de a dotarem de sentido e transcendência…
Os mesmos critérios e valores serão fundamentais à medida que os mais novos passem de consumidores de produtos de entretenimento ou informação a criadores de conteúdos para serem consumidos por outros. De facto, a originalidade maior do mundo digital é o esbatimento das diferenças entre produtores e consumidores de informação (ou entretenimento) e a permanente criação de novas formas e oportunidades de comunicar. Ajudar os jovens a assumir, com responsabilidade e criatividade, o seu papel neste ambiente comunicacionalmente tão intenso é um serviço inestimável, não só aos mesmos jovens mas a toda a sociedade.
Fonte: Elias Couto, Agência Ecclesia