Mentir é um desserviço à formação ética

Uma das piores coisas que um pai ou uma mãe podem fazer diante de um filho é mentir, mesmo sendo uma mentira aparentemente tola, como mandar a criança, ao atender o telefone, falar que eles saíram, por estarem ocupados naquele momento. Melhor, nessas ocasiões, seria pedir que a criança dissesse que eles vão retornar a ligação mais tarde – e o fazerem. Mentir perante os filhos é um desserviço à formação ética e moral deles. Além de não acarretar boas consequências para a vida da pessoa, pois a mentira pode levar a um mau hábito, desvio de comportamento ou compulsão.

A pessoa começa mentindo uma vez, depois outra, uma terceira e assim vai até se enrolar nas próprias mentiras, a ponto de, às vezes, acreditar nelas ou, mais comumente, cair em descrédito generalizado. Afinal, quem compraria um carro de um mentiroso ou votaria nele? Por isso, nada mais verdadeiro do que aquele ditado: ‘A mentira tem perna curta’. Faltar com a verdade ainda expõe outros defeitos graves.

Quem mente, no fundo, não aceita uma realidade que o incomoda ou não sabe lidar com suas próprias limitações. O vizinho comprou um carro novo? Então para que dizer que também vai comprar um se, na realidade, não tem condições para tanto e, às vezes, nem precisa? Em outras ocasiões a pessoa mente por mera comodidade: é aquela velha situação de ser convidada para ir à festa de um amigo e, como não pretende ir, inventar que tem outro compromisso. Trata-se de uma maneira delicada de dizer não, mas ainda assim uma mentira.

Acho que a verdade sempre pode ser dita de uma forma a não magoar o próximo e nisso consiste a arte do relacionamento humano. Vá lá que uma criança, às vezes, fantasie dizendo que o pai dela também tem um carro bonito, quando vê o carro novo do pai de um coleguinha. Mas uma criança não tem a maturidade dos adultos e por isso mesmo precisa ser chamada à realidade por estes, para o próprio bem de sua formação.

Só consigo aceitar um tipo de mentira: a caridosa ou dourada. Costuma ocorrer em casos raros, quando a pessoa visita um amigo ou parente à beira da morte e, para não deixá-lo pior, diz que ele não está tão mal assim e que acredita na sua recuperação. Pensando bem, será mesmo uma mentira dar esperanças a alguém desenganado pelos homens, se para Deus, como se sabe, nada é impossível?

Fonte: Revista Família Cristã

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