No ano novo: Igreja faz apelo para que cristãos preservem a natureza

“A Igreja tem sua parte de responsabilidade pela criação e sente que a deve exercer também em âmbito público para defender a terra, a água, o ar, dádivas feitas pelo Criador a todos”. Este é um trecho da mensagem do Papa Bento XVI para a 43ª Jornada Mundial da Paz que será celebrada em 1 de janeiro de 2010. A Igreja começa o ano chamando a atenção do mundo para a questão do meio ambiente, que neste mês de dezembro foi tema de debate em Copenhagen, na Dinamarca, durante a conferência sobre o Clima.

Para muitos, a conferência não trouxe resultados satisfatórios e gerou um certo desconforto para aqueles que esperavam grandes soluções e um maior compromisso por parte de alguns países. Diante de tal realidade, a Igreja se posiciona não apontando os insucessos e decepções geradas por esta ou demais iniciativas, mas incentivando cada cristão a fazer a diferença em meio a uma realidade que às vezes assusta, mas que não porta em si um fim iminente, por vezes enfatizado pelas mega produções “hollywoodianas”. Corremos o risco de nos deixarmos levar pelas notícias catastróficas e imagens impactantes e nos esquecermos de proferir qualquer frase de vida e esperança em meio a tantos “escombros”.

A mensagem do Papa traz uma abordagem ampliada de como a humanidade é responsável tanto pela destruição, quanto pela reconstrução deste patrimônio de todos nos, que é a natureza. Com isso, o Papa não quis oferecer soluções técnicas e projetos políticos promissores, mas chamou a atenção da comunidade internacional, dos países em desenvolvimento, dos governantes e até dos meios de comunicação, para o papel que cada qual deve assumir.

Na coletiva de imprensa realizada no Vaticano, na qual foi apresentada a nós jornalistas esta mensagem do Papa na íntegra, no último dia 15 de dezembro, o Cardeal emérito do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Rafaelle Martino, explicou: “O Papa destaca os efeitos negativos da conduta humana na mensagem, mas nunca perde a esperança na inteligência e na dignidade do homem”. Vejo nesta afirmação, o quanto a Igreja conta conosco e mais do que isto, acredita que somos capazes de juntos revertermos tal situação.

O tema da mensagem traz em si um convite endereçado a todos, pessoalmente: “Se queres cultivar a paz, cuides da criação”, frase inspirada nos trinta anos da proclamação de São Francisco de Assis, como padroeiro da ecologia. O pobrezinho de Assis, como é carinhosamente chamado aqui na Itália, autor do cântico das criaturas, que viveu em uma pequena cidade da região de Úmbria a mais ou menos 200 quilômetros de Roma, quis demonstrar que a verdadeira paz surge quando toda a criação se relaciona harmoniosamente. Ele também nos ensina que precisamos nos despojar do nosso egoísmo e da nossa ganância para enxergarmos o Deus que se manifesta naquilo que Ele mesmo criou. Não foi a toa que este simples e ao mesmo tempo, ‘grande santo’ inspirou o Papa a escrever sobre este tema tão rico e ao mesmo tempo tão desafiador.

Que neste novo ano que se inicia respondamos a este apelo da Igreja que é mãe e por isto nos faz abrir os olhos para uma perspectiva de mudança que começa a partir de uma experiência com o Deus que nos criou por amor e para o amor.

Mirticeli Medeiros
Comunidade Canção Nova
Roma, Itália

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