“Chamo-me Jorge Egídio Hartmann, sou frei Franciscano com uma vivência religiosa de 38 anos e 31 de vida sacerdotal”. Foi assim que iniciou a entrevista o autor do livro, muito conhecido no Brasil, “Francisco, o Irmão sempre alegre”, que nos falará da espiritualidade franciscana e sobre vocação.
“Tenho a alegria, a honra e o desafio de responder ao jeito franciscano de seguir Jesus”, afirma o religioso. O carisma franciscano é vivo e atuante na Igreja há 800 anos.
“Francisco nunca pensou em fundar um ordem religiosa”, revela o frei, “porém sua vivência foi seguida por muitos.”
Nosso entrevistado fala com entusiasmo sobre o carisma que atrai jovens do mundo inteiro nos tempos atuais: “Muitos jovens se sentem provocados a dar passos corajosos para uma escolha radical. Temos que ter sempre a jovialidade e não necessariamente em idade. Se somos somente consumistas e buscamos prazeres imediatos vamos nos tornando velhos, não há nada de novo. O Evangelho nos propõe sempre viver o novo que devemos construir aqui nesta terra.”
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*Testemunhos da época relatam que a pregação de Francisco era direta e simples, longe da eloquência sacra de seu tempo, mas afirmam que sua sinceridade e compreensão das dificuldades da vida popular, sua habilidade em evocar imagens ilustrativas vivazes em pequenas parábolas ou histórias retiradas de suas experiências do cotidiano entre o povo e sua capacidade de apresentar a doutrina cristã de forma inteligível faziam com que seu discurso tivesse um efeito persuasivo profundo.
Continuando o depoimento, Frei Jorge fala de sua vocação: “O que me faz permanecer é o mesmo chamado inicial , nesses anos de vida franciscana eu nunca vi o ideal como algo que não valesse a pena, o vejo da mesma forma: provocador, motivador e isso me anima e me faz andar. Os santos nos ensinam a nunca desanimar, por isso o meu ideal é o mesmo. É claro que com o tempo minha visão foi sendo lapidada e se tornando mais clara, mesmo não estando pronto, pois enquanto caminhar nesta terra buscarei dar passos para crescer espiritual e humanamente.”
O religioso também nos ajuda a entender o que seria vocação, já que estamos no mês vocacional: “Para mim, vocação é chamado, ela nunca parte de nós, é sempre Deus quem nos chama. Vocação é buscar corresponder ao chamado, se Ele nos chama Ele nos capacita, pois mesmo sendo limitados, Deus sabe bem o que fazer com o vaso de barro.”
Nosso momento de partilha é encerrado por uma visão animadora, porém, muito concreta sobre a busca do encontro com o chamado: “O ideal é o oxigênio que faz você olhar mais longe, e nesse contexto vemos a cruz que tanto Francisco amou, não é uma cruz sem sentido, é uma cruz libertadora, uma cruz associada à redenção. Tenha a coragem de dizer ‘sim’, de dar passos, não fique de braços cruzados! Vá ao encontro do seu chamado. Deus vai se revelando pouco a pouco.”
:. Ouça a segunda parte desta entrevista