Papa Bento XVI, um testemunho de humildade

Ato de coragem, humildade e de coerência

Eleito à cátedra de Pedro, em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, em quase oito anos de pontificado, papa Bento XVI anunciou que vai deixar o papado, em 28 de fevereiro, pela idade avançada e o cansaço. Mas o líder da Igreja Católica acumula uma trajetória extensa até essa data importante para os mais de 1 bilhão de católicos em todo o mundo.

O Papa revelou sua decisão durante o consistório, encontro com os cardeais, que tinha sido convocado para decidir três causas de canonização.

Dom Dominique Rey, bispo da diocese de Tolon, na França, em entrevista, contou-nos que esteve em um encontro há três semana com Bento XVI. “Conversamos durante uma hora. O Santo Padre é um homem culto, muito atento e humilde. Ele nos dizia: ‘sou um bispo como um outro’. Vi ali um homem simples, mas de decisão forte e muito concreto,” afirmou.

O bispo ainda lembrou que o Santo Padre abriu o Ano da Fé e chamou a atenção da Igreja para a nova evangelização, a urgência de falar de Deus no mundo atual.

“A Igreja segue este caminho, segue nesta direção. Será o sucessor de Bento XVI quem continuará colocando em prática estas duas propostas da Igreja,” salientou Dom Rey.

Professor Felipe Aquino, apresentador do programa ‘Trocando Ideias’, na TVCN, diz que considera a decisão do Papa como um ato de coragem e humildade.

“Um ditado diz que ‘ninguém quer largar o osso’, pois as pessoas não gostam de deixar o poder. Então, o fato de ele renunciar em plena saúde mental mostra que ele mesmo chegou à conclusão de que a Igreja precisa de um homem com mais energia, por isso renunciou. É um ato de coerência, porque Bento XVI, em uma de suas entrevistas, disse a um jornalista italiano, ao ser perguntado se ele renunciaria: ‘se um dia eu chegar à conclusão de que eu não tenho condições de continuar a governar a Igreja, eu renuncio’”, comentou o professor.

Aquino ainda conclui: “Ele é um homem que se abriu ao diálogo com os intelectuais, disputava em debates com filósofos ateus abertamente, porque tem uma capacidade teológica e filosófica impressionante”.

Laurent Landette, Moderador Internacional da Comunidade Emanuel, fala-nos do testemunho do Papa, luz para a vida consagrada nos tempos atuais: “Este pronunciamento revela para nós a pessoa do Santo Padre. A sua humildade nos ensina que é preciso haver em nós o desejo de servir a Igreja, mas sem nos apropriar da nossa missão, do nosso cargo. Bento XVI com sua conduta nos ajuda a ver melhor que é preciso servir com simplicidade, pobreza e desapego; de fato, é edificante o testemunho do Santo Padre”.

Professor Felipe esclarece que o Código de Direito Canônico prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta não precisa ser aceita por ninguém para ter validade, como indica o cânon 332.

“Venha quem vier, pois sabemos que este nome está escrito no coração de Jesus e o Espírito Santo já sabe quem será o novo Papa. Cabe a nós rezarmos pelos cardeais e oferecer por eles o nosso jejum e esmola, pois a Quaresma está começando. Tenho certeza que o Papa colocou isso no coração de Nossa Senhora e ela, como Mãe de toda a Igreja, vai cuidar de tudo isso”, concluiu o professor.

Bento XVI iniciou o seu pontificado com a encíclica “Deus Caritas Est” e falou aos jovens da necessidade de amor e do testemunho autêntico da fé. Grande ensinamento ele nos deixa, pois sabemos que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”.

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