Qual o lugar que Jesus ocupa em minha vida?

Em meio a tantos atrativos oferecidos pelo mundo em nossas vidas, Jesus precisa estar em primeiro lugar

Por anos vivi as funções da Semana Santa em minha paróquia, no Rio de Janeiro, e ao ingressar na Comunidade Canção Nova as vivi em Cachoeira Paulista (SP) por algum tempo. E hoje tenho a oportunidade de vivê-las aqui na Terra Santa, onde tudo aconteceu.

Hoje me coloco junto aos peregrinos, que por aqui passam, de todas as partes do mundo para reviver as dores de Jesus. Cada lugar aqui nos ajuda a viver a interioridade e a intensidade da Paixão de Cristo, não só com emoção, mas com consciência e amor à espera do Senhor.

Semana Santa na Terra Santa

Celebração durante a Semana Santa na Terra Santa

É emocionante ver pessoas de todas as idades percorrendo os lugares pelos quais Jesus passou rumo ao caminho do calvário. As mães dizendo aos filhos que ali foi o lugar onde Jesus foi preso, onde Ele sofreu e os ajudando a rezar.

O Getsêmani envolveu particularmente meu coração de angústia e de esperança no Senhor que vem. Na Hora Santa na Quinta-feira Santa pude bem de perto acompanhar toda a celebração dentro da Basílica da Agonia. Simbolizando o Sangue suado por Jesus na noite da Paixão, pétalas de rosas foram jogadas na pedra da agonia. Em seguida, fomos todos à procissão cujo percurso final fica no Galicantu. Velas iluminavam aquela noite.

Havia alguns lugares mais estreitos e escuros e algumas pessoas precisavam de ajuda para subir as escadas. Comecei a observar que o lugar da agonia ia se distanciando e o da prisão se aproximando. Minha meditação, naquele momento, foi que, em alguns instantes, eu estaria no lugar onde Jesus havia sido preso por Seus algozes. O que se passava em Seu coração? O que as pessoas que fizeram esse trajeto falavam entre si? Senhor, que eu viva intensamente este momento sem que nada se perca e que a minha vida seja inundada pelo Seu amor e que eu não seja mais a mesma.

Busquei um cantinho no chão e fiz minha oração. Nasceu em mim um grande desejo de pedir perdão ao Senhor pelos momentos em que eu O traí permitindo que o meu coração fosse tomado pelo egoísmo, pelo orgulho e pela maldade, por isso eu não consegui amar aqueles que Ele mesmo colocou em minha vida.

Na Sexta-feira Santa, minha peregrinação foi na Via Crúcis. Estava calor, gente para todos os lados, os freis franciscanos conduziram este momento com muita fé, seriedade e amor, levando todo o povo de Deus a refletir sobre a dor de Jesus.

Uma frase que ouvi de uma senhora árabe, enquanto, pelas ruas da Via-Sacra, meditávamos a Paixão e a Morte de Jesus, tocou muito o meu coração: “Eu nasci aqui, moro aqui, mas faço a Via-Sacra como se fosse a primeira vez. E todos os anos insisto com minhas amigas e familiares para juntos percorrermos este caminho. Meu coração se enche de sofrimento e dor pelo que Jesus foi capaz de suportar, mas sei que logo vem a ressurreição“.

Passar por onde Jesus passou, poder meditar onde Ele sofreu, estar junto com pessoas de todas as partes do mundo em meio a empurrões, lágrimas e suor me fez ter um misto de sentimentos. As pessoas que vêm aqui querem tocar nas pedras, nas paredes, querem passar suas roupas nos lugares pelos quais o Senhor passou, muitas, com sua fé, acreditam que terão as vidas transformadas. Ontem deparei comigo mesma na Via-Sacra em meio a rostos que nunca havia visto e talvez nunca mais volte a vê-los e me perguntei: Qual será o lugar que Jesus ocupa em minha vida? Ele é o primeiro? Existe em meu coração gratidão por tudo o que Ele suportou por me amar tanto?

Minha ida ao Santo Sepulcro no dia da celebração do funeral de Jesus, na Sexta-feira Santa, fez acelerar o meu coração. Quando o Corpo de Jesus ia sendo tirado da cruz, depois ao ser ungido com sal e perfume e depositado no túmulo… Um sentimento de morte tomou meu interior naquele instante. Choro preso na garganta e coração apertado, pois Aquele que mais me amou, por amor, se entregou por mim. Não tenho o direito de não amar! Passou então um filme da minha vida em segundos em minha cabeça.

Houve um momento em que eu fui levada pela multidão e percebi que a distância, que eu ia tomando do Corpo de Jesus, me levou a um desespero, pois eu não queria me afastar do meu Senhor. E pedi esta graça a Ele: não me deixe me afastar, Senhor, do Seu amor. Não permita que as enxurradas me levem, que eu seja firme e constante, e nas quedas, que o Senhor me levante.

Morar aqui, na Terra Santa, neste tempo é tocar na minha existência, no amor único e concreto de Jesus por mim e pelos meus. Não importa o que posso viver aqui, mas Jesus precisa ser anunciado. Este lugar precisa chegar às nações, muitos não terão a oportunidade de vir aqui, então, que façam a experiência por intermédio do testemunho de cada um de nós. E eu não posso permitir que momentos como este passem sem que eu toque neles. Por isso partilho com você um pouco do que vivi nestes dias.

A riqueza deste lugar me faz querer ser mais e melhor para Deus e para os outros. Muitas vezes, os questionamentos internos nos ajudarão a ir além. Os nossos medos não podem nos parar em nós mesmos e não são maiores do que a graça que Deus tem para cada um de nós.

Busquemos viver com esperança e muito ardor a nossa fé, acreditando que, após a morte, vem a ressurreição.

Com carinho,


Daniele Luiza
Missionária Canção Nova na Terra Santa

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