Você sabe o que é um milagre?

O milagre (de miror: maravilho-me, admiro-me), indica algo de extraordinário, que chama a atenção e causa espanto. A melhor síntese está na definição dada pelo Cardeal Pietro Parente para o Dicionário de Teologia Dogmática, retomando, acima de tudo, as opiniões de Santo Agostinho e de Santo Tomás.

O primeiro destacou o aspecto objetivo, definindo milagre como um fato difícil e insólito, superior à capacidade de quem observa, querido por Deus para confirmar uma verdade religiosa e para transmitir uma mensagem ao homem. O segundo, por sua vez, sublinhou o aspecto subjetivo de uma intervenção extraordinária de Deus. O acontecimento é querido por Deus, como causa principal, que pode servir-se nomeadamente de uma criatura qualquer. É realizado no mundo fora da ordem material, isto é, de modo superior às forças da natureza e não contra a ordem natural.

O milagre, portanto, não é uma violação das leis da natureza, mas um fato essencial, determinado por uma virtude divina especial, que ultrapassa o ritmo normal das coisas. Deus, criador do universo, através do milagre, oferece ao homem um gesto de amor. Ele, que nos quer bem, alivia dores e sofrimentos de criaturas que voltam o rosto para Ele.

Cardeal Saraiva Martins fala sobre “santidade e ecumenismo”. Confira:

Concluiu ainda o Cardeal Parente: «A possibilidade do milagre assenta principalmente no domínio absoluto de Deus como causa primeira e livre do mundo, cujas leis físicas são subordinadas a Ele, contudo, não limitam nem a Sua liberdade nem a Sua potência. Só o absurdo e o pecado são impossíveis para Deus. O milagre pode ultrapassar as forças da natureza: a) quanto às substâncias do fato, por exemplo: a ressurreição da carne; b) quanto ao modo, por exemplo: uma cura instantânea. Enfim, alguns milagres são objeto de fé e, portanto, fora da experiência sensível; outros são fatos externos, de evidência tangível e são ordenados por Deus para demonstrar uma verdade de fé.»

Exemplo: Todas as curas, quando tomamos conhecimento delas, nos deixam assombrados. Entre os numerosos testemunhos sobre os milagres que li, impressionou-me imensamente o do pequeno Matteo Colella, que, com sete anos, quando frequentava a escola primária, foi repentinamente atingido por uma grave forma de meningite. Já desenganado pelos médicos e pelo pai, também ele médico, curou-se miraculosamente no dia 2 de fevereiro de 2000, depois de ter passado alguns dias no hospital. A cura foi definida como «cientificamente inexplicável» pelos médicos do Conselho e permitiu a canonização do Padre Pio de Pietrelcina.

No meio da quantidade de dados técnicos e de relatórios médicos, impressionou-me a candura e a simplicidade com que o pequeno Matteo contou a sua extraordinária experiência: «Eu estava perto das máquinas e um velho de barba branca e de vestido comprido e castanho deu-me a mão e disse-me ‘Matteo, não te preocupes, em breve ficarás curado’».

(Trecho extraído do livro “Como se faz um santo” de Cardeal Saraiva Martins; págs. 95-96)

Sobre o Cardeal

José Saraiva Martins nasceu a 6 de janeiro de 1932 em Gagos de Jarmelo, Portugal. Tendo entrado ainda jovem para a Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria, foi ordenado sacerdote a 16 de março de 1975. Docente de Teologia e Reitor da Pontifícia Universidade Urbaniana, durante o período da sua atividade acadêmica publicou vasta e notória obra de Teologia. Em 1988 foi nomeado arcebispo secretário da Congregação para a Educação Católica. Foi de 30 de maio de 1998 até 9 de julho de 2008 Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Elevado a cardeal pelo Papa João Paulo II em 21 de fevereiro de 2001, foi-lhe atribuído o título da basílica de Nossa Senhora do Sagrado Coração.

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