No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos estabeleceu setembro como o “mês da Bíblia”. Mês escolhido, porque o grande São Jerônimo, que traduziu a Bíblia do hebraico e grego para o latim, tem sua memória litúrgica celebrada no dia 30 de setembro. Ele foi secretário do grande Papa São Dâmaso, que o incumbiu dessa grande obra chamada “Vulgata”, por ser usada em toda a parte. São Jerônimo levou cerca de trinta e cinco anos fazendo essa tradução nas grutas de Belém,vivendo a oração e a penitência ao lado da gruta onde Jesus nasceu. O santo disse que “desconhecer as Escrituras é desconhecer o próprio Cristo”. Ele nos deixou um legado de grande amor às Sagradas Escrituras.
O mês dedicado a Bíblia é importante para que o povo brasileiro a conheça melhor e seja motivado a estudá-la com mais profundidade. Ela é um livro de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus, quatro mil anos atrás, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, culturais, econômicos, entre outros. Nem sempre a Bíblia é fácil de ser interpretada, é por isso que Jesus confiou a interpretação dela à Igreja Católica, que o faz por meio do Sagrado Magistério, dirigido pela cátedra de Pedro (o Papa) e da Sagrada Tradição Apostólica.
A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; e do Evangelho tira, sem cessar, orientação para o seu caminho. Temos aqui uma advertência que cada cristão deve acolher e aplicar a si mesmo: só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se seu anunciador». (VERBUM DOMINI, BENTO XVI)
Na Palavra de Deus proclamada e ouvida e nos Sacramentos, Jesus hoje, aqui e agora, diz a cada um: «Eu sou teu, dou-Me a ti», para que o homem O possa acolher e responder-Lhe dizendo por sua vez: «Eu sou teu».Assim a Igreja apresenta-se como o âmbito onde podemos, por graça, experimentar o que diz o Prólogo de João: «A todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo1, 12). (VERBUM DOMINI, BENTO XVI)
O Cardeal Van Thuan, Vietnamita, viveu treze anos na prisão, dos quais nove em total isolamento, deixou-nos um belíssimo testemunho: “Na prisão de Phu-Khanh, os católicos dividiam o Novo Testamento, que haviam trazido às escondidas, em pequenos folhetos para serem distribuídos e memorizados. Uma vez que o piso era de terra ou areia, quando ouviam os passos dos guardas, escondiam a Palavra de Deus sob o solo. De noite, no escuro, cada um recitava, seguindo um rodízio, a parte que tinha decorado. Era impressionante e comovente ouvir, no silêncio e escuridão, a Palavra de Deus, sentir a presença de Jesus, o ‘Evangelho vivo’, recitado com toda a força espiritual; ouvir a oração sacerdotal, a paixão de Cristo.
“Encontro minha alegria na vossa palavra, como a de quem encontra um imenso tesouro”. (Salmos 118, v. 162)
Fontes: Prof. Felipe Aquino e Luzia Santiago.