Festa da Natividade de Nossa Senhora

Natividade de Nossa Senhora

 

Comemorar o nascimento de alguém é celebrar o dom que essa pessoa representa para aqueles que a amam. É reconhecer as alegrias da sua presença em nossa vida, em nossa história. Desde os primórdios do Cristianismo, a Igreja celebra a Natividade de Maria Santíssima; crê-se que isso ocorra desde o século V da Era Cristã, em Jerusalém. No Ocidente, esta celebração é mais tardia.
A data de 8 de setembro completa o tempo de gestação de 9 meses iniciada em 8 de dezembro, quando celebramos a Festa da Concepção da Virgem Maria. A Tradição conta que os pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana, eram idosos e estéreis. Foram agraciados pela gravidez após muitas preces e lágrimas diante de Deus. Alguns místicos dizem que a Menina, a suprema alegria dos seus santos pais, teria sido oferecida a Deus e criada no Templo, onde aprendeu as Escrituras através das quais, como todo o povo judeu, frutificou a esperança da vinda do Messias
Salvador.
A Virgem, concebida sem pecado original, foi uma luz que surgiu na Terra, pensada desde sempre por Deus quando nossos primeiros pais caíram seduzidos pela serpente infernal. Contra o Maligno, Deus afirma: “Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. 
Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15). Com este primeiro “clarão” de salvação, a mulher concebida no coração de Deus está implicitamente ligada ao plano de salvação de Nosso Senhor Jesus Cristo, como é interpretado tradicionalmente na Igreja. Maria é a “Porta do Céu”, através da Qual entrou o Salvador no mundo.
São João Damasceno diz que nascer de pais estéreis já era sinal das bênçãos especiais que o Altíssimo quis derramar sobre Maria. Pregando sobre a Natividade de Nossa Senhora, o santo afirma que: “Hoje é o começo da salvação do mundo, porque na Santa Probática foi-nos gerada a Mãe de Deus através de quem o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, nos foi gerado. (*)
A residência dos pais de Nossa Senhora ficava próxima à Piscina Probática, aqui mencionada, onde teve lugar um dos milagres de Jesus (também chamada de Betesda). Santo Afonso Maria de Ligório, grande devoto de Nossa Senhora, diz em seu livro Glórias de Maria que: “Maria nasceu santa, e grande santa; pois grande foi a graça de que Deus A enriqueceu desde o princípio, e grande foi a fidelidade com que Maria sem tardar correspondeu a Deus”. Ele diz ainda que: “… é certo que a alma de Maria foi a alma mais bela que Deus criou; mais, excluída a encarnação do Verbo, essa foi a obra mais grandiosa e digna de Si que o Onipotente fez neste mundo: … Daí é que a divina graça em Maria não desceu gota a gota como nos outros santos, mas ‘como a chuva sobre a lã’ como predisse Davi (Sl 71,6). Foi a alma de Maria à semelhança de uma lã que sorveu toda a abundante chuva de graça sem perder-lhe uma só gota.”
De Maria, aprendamos as virtudes que A colocam acima dos anjos e dos santos pelas quais prestamos a Ela o culto de “hiperdulia”, que é a honra somente a Ela devida. Saibamos distinguir nela o oposto do que encontramos em nossa primeira mãe, Eva. Ambas eram puras; ambas estavam desposadas com um varão; ambas gozavam da intimidade com Deus! No entanto, Eva deixou-se seduzir pelo dragão infernal. Encheu-se de orgulho, pretendendo ser igual a Deus.
Maria, por sua vez, ao ser visitada pelo emissário celeste, abre-se humildemente no “Fiat” e se declara serva, escrava, cuja vontade se submete à vontade do Altíssimo. Com Eva entrou a dor no mundo, as tribulações, as artimanhas do demônio que tentam nos fazer cair. Por Maria entra a Salvação, a expiação dos pecados, a libertação, a paz. A existência de Eva, depois da visita da serpente e a de Maria, depois da visita do Arcanjo, foram cumuladas de dificuldades e de sofrimentos. Maria, porém, está de pé, forte, entregue a Deus no cumprimento da Sua missão.
Com Ela, também queremos estar de pé, seguros de que a Porta que Ela nos abriu nunca se
fechará. Ave, Maria, cheia de graça!

(*) http://alexandrinabalasar.free.fr/natividade_de_maria.html

Maria Helena Barbosa

Comunidade Canção Nova