Servir a Palavra de Deus: uma grande responsabilidade
O mês da Bíblia convida primeiramente a uma atenção maior à Palavra de Deus para acolher o seu significado: Palavra que santifica quem a ouve e pratica, que salva e gera comprometimento com o próximo. Mas, também alerta para os cuidados que se devem ter com a proclamação da Palavra na Liturgia, a fim de não atrapalhar o acesso dos fieis a ela com a consequente realização de seus efeitos.
Quando a Palavra de Deus é proclamada na liturgia, assistimos, muitas vezes, a uma deturpação de seu sentido, causada pelo despreparo de pessoas que lêem em nossas assembleias.
Leituras apressadas, que não respeitam pontuação, grafia e concordâncias, troca de palavras por outras que lhe são semelhantes, inadequação do texto ao seu gênero, pouca reverência no modo de aproximar-se do ambão, leituras feitas de folhetos ou livretos e não do Lecionário, vestimentas dos leitores pouco propícias, falta de habilidade no uso do microfone, má qualidade do som, homilias longas ou desconexas etc… são alguns nomes dos ataques à Palavra de Deus, que, não raro, se verificam nas liturgias atuais.
Um bom propósito para se viver neste mês e a partir dele seria o de dar mais atenção à apresentação da Palavra de Deus na liturgia, com melhor preparação de quem a proclama, em um verdadeiro compromisso de serviço a ela.
Algumas dicas preciosas para isso podem ser estas:
– Ler e estudar a Introdução Geral do Lecionário.
– Conhecer o texto, lendo-o previamente para acostumar-se com o seu conteúdo, as palavras mais difíceis e a pontuação. Se possível ler o que vem antes e depois do texto proposto pela liturgia, para uma melhor compreensão de seu significado.
– Proclamar o texto, lendo-o sempre desde o Lecionário para manifestar a dignidade da Palavra.
– Ler conforme o gênero literário no qual a Palavra é apresentada (narrativa, diálogo, poesia etc) – para dar vida ao que está escrito pois proclamar é mais que ler.
– Agir com naturalidade, simplicidade e força comunicativa.
– Assumir postura condizente com o ato: modo de chegar e sair do ambão, vestuário adequado (simplicidade e dignidade).
– Ter postura corporal adequada: posição ereta, apoiado sobre as duas pernas, fixo, seguro, de maneira a facilitar uma boa visão do texto e da assembleia.
– Apoiar as mãos nas laterais do ambão ou, com uma delas, indicar as linhas do texto, para não se perder. Nada de mão no bolso, cruzadas ou para trás!
– Familiarizar-se com o uso do microfone para fazê-lo com liberdade e classe.
– Usar o microfone deixando livre tanto a visualização do rosto do leitor, quanto do texto e em posição apta a colher o som da voz e ampliá-lo.
– Proclamar claramente o título da leitura e nunca ler as rubricas e outros detalhes (os números da citação ou o versículo temático, por exemplo).
– Respeitar a pontuação, a acentuação e as concordâncias verbais, nominais e numerais, à risca.
– Não acrescentar, nem tirar nada por conta própria. Nada de dizer, por exemplo, “Meus irmãos, esta é palavra do Senhor”. Ou, pior ainda, “Meus irmãos, estas são palavras do Senhor”!
– Na dúvida acerca de algum termo, certificar-se com o padre, diácono, seminarista ou dicionário.
– Cuidar com o uso do singular e do plural no tocante às pessoas verbais (Ex. Tu deste/ Vós destes).
– Estar atento às palavras similares na escrita ou na pronúncia e àquelas pouco presentes em nosso cotidiano (Ex. Servo, cervo; sede – necessidade de água e sede – lugar; Abrão e Abraão; abóbada celeste, Antioquia etc).
Pe. Edinei Evaldo Batista
Reitor do Seminário de Teologia da Diocese de São José dos Campos