O mês de agosto nos convida a refletir sobre a questão vocacional. Antes de tudo, não podemos esquecer que todos somos vocacionados, chamados para santidade. Santidade não é privilégio de alguns, mas o chamado que Deus faz para todas as pessoas; é a vontade de Deus a respeito de todos e cada um de nós (cf 1Ts 4, 3.7). O caminho para a santidade é o seguimento de Jesus Cristo, é o esforço constante para viver como discípulo missionário de Jesus Cristo.
O Documento de Aparecida nos fala dos discípulos missionários com vocações específicas. Assim, temos os bispos, discípulos missionários de Jesus Sumo Sacerdote, que dentre outras têm a missão de acolher, discernir e animar carismas, ministérios e serviços na Igreja (cf DA, 188); temos os presbíteros, discípulos missionários de Jesus Bom Pastor, que são chamados a serem homens de misericórdia e compaixão, próximos a seu povo e servidores de todos (cf DA, 198); temos os diáconos permanentes, discípulos missionários de Jesus Servidor, que foram ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da liturgia (cf DA, 205); temos os fiéis leigos e leigas, discípulos missionários de Jesus Luz do Mundo, cuja “missão própria e específica se realiza no mundo, de tal modo, que com seu testemunho e sua atividade, contribuam para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo os critérios do Evangelho” (DA, 210); temos os consagrados e consagradas, discípulos missionários de Jesus Testemunha do Pai, que “são chamados a fazer de seus lugares de presença, de sua vida fraterna em comunhão e de suas obras, lugares de anúncio explícito do Evangelho” (DA, 217).
As vocações específicas dos discípulos missionários exigem uma pastoral vocacional que acompanhe “cuidadosamente todos os que o Senhor chama a servir à Igreja no sacerdócio, na vida consagrada ou no estado leigo” (DA, 314). Aqui aproveito para lembrar que a pastoral vocacional é responsabilidade de todo o povo de Deus e não apenas de alguns na Diocese, que as vocações são dons de Deus e que “é necessário intensificar de diversas maneiras a oração pelas vocações” (idem).
Nosso I Sínodo Diocesano se debruçou também sobre a questão vocacional. “Os Sinodais insistiram fortemente sobre a necessidade de uma reestruturação da pastoral vocacional; insistiram igualmente sobre a importância do envolvimento das paróquias, dos padres, bem como dos leigos e leigas na pastoral vocacional. Esse é o eco do legitimo clamor da Igreja:”A pastoral vocacional, que é responsabilidade de todo o povo de Deus, começa na família e continua na comunidade cristã, deve dirigir-se às crianças e especialmente aos jovens, para ajudá-los a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento” (DA, 314). “A pastoral vocacional exige, sobretudo hoje, ser assumida com um novo, vigoroso e mais decidido compromisso por parte de todos os membros de igreja…” (João Paulo II, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Dabo Vobis, 34).
É notório reconhecer que mesmo durante o andamento do I Sínodo Diocesano, a Pastoral Vocacional realizou uma revisão metodológica e adequou-se às necessidades diocesanas apontadas pelos sinodais. A diocese terá sempre uma profunda gratidão para com todos e todas que atuaram e atuam nesse campo tão necessário. A Pastoral Vocacional deve ser prioridade em todas as nossas ações pastorais. Solicito aos padres uma atenção especial no acompanhamento dos vocacionados e vocacionadas de suas comunidades” (Documento Conclusivo do I Sínodo Diocesano).
Reforçando o pedido acima, trago as palavras de Bento XVI em sua mensagem para o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado no dia 25 de abril deste ano: “Poder-se-ía afirmar que as vocações sacerdotais nascem do contato com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de patrimônio precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira […] Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações especificas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio sim a Deus e ao projeto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro”.
As vocações são Dom de Deus; portanto, em nossa Diocese, não devem faltar orações ao “Dono da Messe” (cf DA, 314). Sejamos fervorosos na oração pelas vocações.
Dom Moacir Silva
Bispo Diocesano