Homilia de Dom Odilo Pedro Scherer, em ocasião do 463 aniversário de São Paulo.
“Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura”
Uma pequena aldeia tornou-se esta grande metrópole que é hoje São Paulo.
Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsaram demônios, falaram diversas línguas, quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados.
As diversas culturas do mundo inteiro foram marcadas por este grande apóstolo de J
esus Cristo, São Paulo. As leituras de hoje falam de sua conversão. A conversão de São Paulo foi uma obra extraordinária de Deus.
A Arquidiocese e a cidade de São Paulo olha com especial atenção para este grande apóstolo nesse dia. Queremos como ele ficar firmes nos ensinamentos da Palavra de Cristo, que ele levou para tão longe, com tanto amor e tanta dedicação.
O momento da conversão de São Paulo o fez mudar totalmente a sua atitude, gerou uma profunda mudança em sua vida.
Saulo ainda não se chamava Paulo. Ele assistiu ao apedrejamento de Estevão. Ele ainda era muito jovem. As testemunhas desse ato deixavam mantos aos pés de Saulo. Ele não só assistiu como consentiu na execução de Estevão.
Depois do apedrejamento, começou-se uma grande perseguição aos cristãos. O papel de Saulo apareceu ainda mais destacado: entrava em casas e arrastava as pessoas aos cárceres. Sua intenção era castigar os que seguiam a Jesus Cristo.
Ele mesmo explica em suas cartas que o seu começo não foi amistoso em seu ardor juvenil. Ele via nas comunidades cristãs um desvio dos valores transmitidos pelo judaísmo e pelas famílias.
Paulo fala sobre este desvio de conduta e abandono de valores porque quer levar a todos a pensar na importância de não se gloriar de sua carreira judaica, de ter sido esta pessoa “justa e irrepreensível”, perseguidor da igreja, o que contava muitos pontos e glória em seu começo de juventude.
Em suas cartas, ele fala do kerigma, da morte de Jesus na cruz pela nossa salvação, da ressurreição de Jesus, da aparição de Jesus a ele próprio, de quanto não é merecedor por tanto ter perseguido os cristãos.
Mas o que aconteceu de tão forte e convincente que o fez abandonar esta cegueira de outrora?
Grande era o espanto que esta conversão causava: “aquele que antes nos perseguia, agora está pregando a nossa fé, que antes ele queria destruir”, as pessoas diziam.
Aquela voz que ele ouvia: Saulo, Paulo, porque me persegue? Esta voz mexera com a sua consciência: – quem és tu? Ele ouve: “Eu sou Jesus, aquele que estás perseguindo”.
Essa luz o iluminou. Naquele momento ele compreendeu o que é a Igreja. A Igreja é o próprio Jesus que continua vivo, o qual ele perseguia.
Dedicar-se à Igreja é dedicar-se a Jesus Cristo. A Igreja é o próprio corpo de Jesus Cristo que está vivo e presente no mundo.
O próprio Jesus fez esta promessa: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”.
Nesta festa somos convidados a olhar para o exemplo de São Paulo, o homem que aceitou o desafio de ser testemunha de Jesus Cristo, de seguir esta voz. Deus procura encontrar-nos nos caminhos mais contraditórios de nossa vida.
Como Paulo, devemos perguntar: “o que querer que eu faça?”.
Precisamos renovar nossa escuta de Deus, como religiosos, cristãos, leigos, nós que procuramos viver de uma forma ou de outra. Ouvir a voz de Deus que se manifesta, para sermos servidores de Jesus Cristo, do povo, na pregação, na evangelização, nos serviços religiosos, na solidariedade, no serviço da ordem.
Somos todos convidados a nos colocar à disposição de Deus, a serviço do evangelho, para a Igreja que vive nesta grande metrópole!
Assim seja.
Transcrição e adaptação: Vanessa Lacquaneti (missionária da Comunidade Canção Nova)