Família Salesiana celebra a Ordenação Diaconal em São Paulo

[Cesar (BSP), Géster (BBH), Idenilson (BCG), Jonathan (BRE), José (BRE), Magno (BRE), Warley (BBH)]

[Jr 1,4-9 ; At 6,1-7b ; Jo 15,9-17]

“Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto”

 No domingo passado o Evangelho de Lucas nos mostrava Jesus pedindo aos seus discípulos que “avançassem para águas mais profundas”. É próprio de Jesus pedir sempre um pouquinho mais de quem é seu discípulo, de quem é batizado, de quem aceitou, por isto, segui-lo por toda a vida. É sinal de que Ele nos conhece, nos valoriza e aposta em nosso crescimento contínuo.

 

A INICIATIVA É SEMPRE DE DEUS!

 “Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto”

“Eu te conheci […]. Eu te consagrei. Eu te fiz profeta” (Jr 1,   )

“Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4,19) [Lema da Ordenação]

Uma vez que a iniciativa do chamado vocacional, desde o Batismo, é sempre de Deus, isto nos revela tanto uma necessária SEGURANÇA que devemos ter para abraçar com serenidade a causa de Jesus Cristo; quanto o COMPROMISSO de assumir a delicada responsabilidade que Ele nos apresenta. A Ordenação Diaconal, como sabemos, não é algo passageiro, como se fosse simplesmente uma etapa de experiência pastoral em vista da Ordenação Presbiteral. É algo permanente e sagrado, resultado da confiança de Deus e da resposta livre do homem. Portanto, é falta gravíssima, após este passo determinante na vida, querer um dia retirar o “sim” que tão generosamente foi dado a Deus, que tão cuidadosamente foi trabalhado pela Igreja na formação, que tão alegremente foi envolvendo destinatários, familiares, amigos.

 

O AMOR É A BASE DE TUDO!

Só há uma maneira de se compreender e aceitar este mistério da doação total do Criador com a Criatura: no AMOR-SERVIÇO, cuja fonte e modelo se encontra em Jesus Cristo.

Este AMOR nasce do próprio Deus, aloja-se na liberdade de cada um de nós que o acolhe, e jorra de benefícios na vida daqueles para os quais somos enviados a acolher, a evangelizar, a servir.

Este amor-serviço é, portanto, ALIMENTO imprescindível de nossa perseverança vocacional bem como, CONTEÚDO CENTRAL de toda nossa ação evangelizadora.

“Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4,19)

 

DIÁCONO: ÍCONE DO AMOR QUE SERVE!

 Acolher a vocação da Ordem, no grau do Diaconato, é necessariamente aceitar ser um permanente ÍCONE DO AMOR QUE SERVE. No ser padre, precisa estar bem visível este dom do serviço, que tão profundamente caracteriza o diaconato.

Portanto, este tempo de preparação para o Presbiterato é tempo, principalmente, de profunda consciência do compromisso irrenunciável do serviço, como centro motor e condição fundamental do verdadeiro seguidor de Jesus Cristo, enquanto seu discípulo e amigo. É tempo de exercício, desde as pequenas coisas do dia-a-dia, para que a sua existência esteja impregnada deste amor-serviço, sem o qual não se pode estabelecer relação de intimidade com o Mestre, que insiste em chamar-nos de “amigos”.

A partir dos pequenos e visíveis gestos de serviço que vocês se comprometem a realizar enquanto Diáconos em nome da Igreja no meio do povo, vocês percorrerão um caminho de ininterrupto amadurecimento na compreensão de que servir não significa simplesmente FAZER coisas, mas SER todo inteiro de Deus a serviço pleno dos irmãos, naquilo que eles precisarem.

Para que esta reflexão não caia no risco de virar teoria ou utopia frustrante, proponho que em seu exame de consciência diário, na hora de dormir, cada um se pergunte: “Senhor, servi hoje? Como? Com criatividade e gratuidade, buscando mais servir do que ser servido? Sou capaz de recordar os momentos em que realmente servi, hoje, os irmãos de comunidade, os destinatários, as pessoas que passaram por mim ou me procuraram?”

 

O SERVIÇO AOS JOVENS!

Somos salesianos e sabemos que o serviço incansável de Dom Bosco o consumiu por inteiro a favor do bem dos jovens. Vocês estão dispostos a isto?

O Sínodo dos Bispos, acontecido em Roma, em outubro próximo passado, assim registrou no Documento Final (137): “Os jovens podem contribuir para renovar o estilo das comunidades paroquiais, construindo uma comunidade fraterna e próxima dos pobres. Os pobres, os jovens descartados, os mais atribulados podem tornar-se o princípio de renovação da comunidade. Devem ser reconhecidos como sujeitos da evangelização e ajudam-nos a libertar-nos do mundanismo espiritual. Os jovens são com frequência sensíveis à dimensão da diakonia, do serviço. Muitos estão comprometidos ativamente no voluntariado e descobrem no serviço o caminho para encontrar o Senhor. Assim, a dedicação aos últimos torna-se realmente uma prática da fé, na qual se aprende aquele amor “perdido” que se encontra no centro do Evangelho e está no fundamento de toda a vida cristã. Os pobres, os pequeninos, os doentes, os idosos são a carne do Cristo sofredor; por isso, colocar-se a seu serviço é uma maneira de encontrar o Senhor e um espaço privilegiado para discernir seu próprio chamado.”

Portanto, os jovens, quando bem orientados, se abrem para o serviço generoso ao próximo, mas precisam de acompanhadores que testemunhem visivelmente a alegria de servir. Vocês, como Diáconos salesianos, assumem este compromisso de desabrochar a dimensão da diakonia na vida dos jovens que Deus lhes reservou para serem servidos e amados. Assim, a sua consagração religiosa de serviço aos jovens, assume agora, com o Diaconato, uma natureza sacramental, para todo o sempre, vivido no celibato fecundo, enquanto Igreja.

 

7 DIÁCONOS!

 Vocês são “7”. Quis a Providência Divina que vocês se ordenassem juntos, iluminados, também, tanto pela passagem bíblica da escolha dos 7 primeiros diáconos da Igreja, quanto pela mensagem sobre a amizade do Mestre.

Acredito que aqui existem compromissos sérios. Como o amor de Deus necessariamente deve se prolongar no amor ao próximo, a amizade de Jesus Cristo – “chamo-vos amigos” – convida-os a estreitarem ainda mais os laços entre vocês, na fraterna cumplicidade em vista da perseverança vocacional e fecundidade ministerial. E tenham sempre à frente, como empenho constante, aquelas qualidades exigidas na escolha dos 7 Diáconos mencionados no livro dos Atos dos Apóstolos: “É melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria.” (At 6,3). Sejam, portanto, sempre: “homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria”. Assim seja.

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb

Bispo da Diocese de Jaboticabal.
Fonte: http://www.salesianos.org.br