Como os meios de comunicação influenciaram na degradação da sexualidade
A escrita sempre foi um excelente meio para disseminar ideias para as pessoas. Os grandes pensadores se valeram muito disso e ainda continuam a usar desse recurso para passar conteúdo à grande massa. Exemplo deles são Aristóteles, Thomás de Aquino, Agostinho, Immanuel Kant, Karl Marx, Friedrich Nietzsche e outros ao longo da história. Poderíamos ter uma lista imensa de nomes que se utilizaram da escrita para expor, defender ou construir um pensamento. A sociedade, por sua vez, foi muito influenciada e formada por meio dessas inúmeras colocações de grandes pensadores. A partir de dois livros, começo a explanar sobre o título do texto. Não que esse seja o “start” de toda a história; entretanto, vejo que é um ponto considerável que serviu como trampolim para o que viria depois.
Compreendendo a sociedade
Em 1936, Wilhelm Reich lança o livro “Sexuality in the Culture Struggle”. O autor é socialista e, em sua visão, promove uma rejeição à família patriarcal. Segundo o autor, a família é a primeira representação do que viria a ser o Estado para a pessoa. Em especial a figura paterna, é quem reprime e coloca as regras. Essas regras, para o cidadão, futuramente, será o Estado que lhe colocará. A proposta do autor é uma reestruturação da família, e para que isso aconteça, a família patriarcal precisa deixar de existir. A figura masculina, paterna, deve ser a primeira extinta. Da mesma forma, ele critica a ilegalidade do aborto, o casamento monogâmico e outras questões que são consideradas como valor para a família patriarcal.
No ano de 1948, é publicado outro livro, “Sexual Behaviour in the Human Male”, do autor Alfred Kinsey. Esse livro é o resultado de pesquisas realizadas pelo autor onde ele expõe para as pessoas de sua época questões sexuais que, naquele tempo, não era costume discutir. Foram vendidos mais de 200 mil exemplares. O autor passou a ser uma celebridade e foi considerado um dos pioneiros no estudo sobre a sexualidade. Ao mesmo tempo, esse trabalho lhe rendeu diversas críticas de outros estudiosos por ter usado pedófilos e presidiários como matéria para seu estudo. No ano de 1958, Alfred Kinsey lança outro livro, “Sexual Behaviour in the Human Female”, na mesma linha do primeiro livro, mas agora abordando a sexualidade feminina.
Na década de 60, acontece o que chamamos de Revolução Sexual. Nessa década, já temos uma grande produção de pílulas anticoncepcionais e preservativos devido ao avanço da ciência, tecnologia e medicina. Temos o movimento hippie, que pregava um amor sem distinção, livre; e um culto ao prazer, seja ele físico, sexual ou intelectual. Na mesma década de 60, surge a frase:”Sexo, drogas e rock’n roll”. Uma grande parte da sociedade americana e europeia já tinha em casa um aparelho televisivo. Tudo isso era transmitido por esse meio de comunicação que chamamos de TV. As pessoas tinham acesso às informações que, até então, não estavam acostumadas a ter. Eram informações em massa para uma grande massa.
A comunicação na sociedade
Nessa década de 60, tínhamos três formas de comunicação consideráveis: a escrita (jornais, revistas, livros etc.), o rádio e a TV. Esse é o cenário de uma sociedade em processo de erupção. O avanço e facilidade de acesso aos meios de comunicação ajudaram para que as ideias, passadas a uma, duas e até três décadas anteriores, fossem disseminadas de forma muito mais rápida e eficaz para a grande massa da população. Ou seja, a sociedade que tinha sido influenciada por autores como Wilhem Reich e Alfred Kinsey, que pregavam uma liberdade sexual e desconstrução dos padrões da época, estavam influenciando outros pelos meios de comunicação. É nesse contexto que acontece a revolução sexual.
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Em meio a essa sociedade em erupção, temos o cenário perfeito para o crescimento da indústria pornográfica. Existia uma predisposição da sociedade para o assunto sobre sexualidade. Com os aparelhos de videocassetes que entram no mercado na década de 70, a indústria pornográfica, que já produzia filmes em menor escala e de curta metragem, começa a produzir muitos filmes e de longa metragem. O acesso se torna mais fácil, e o que não podia passar na TV, e que passava somente em alguns cinemas de forma mais restrita, agora está disponível nas fitas VHS (formato de fita para aparelho videocassete). Afinal, ver um vídeo é muito mais interessante do que uma revista. O único trabalho que a pessoa tinha era ir até a locadora ou banca de jornal e comprar ou alugar o seu filme para assistir em casa. Esse cenário se estendeu até o fim da década de 90.
A internet, na década de 90, passa a ser usada pela população em geral. Torna-se mais um espaço de comunicação potente para se disseminar conteúdo para a grande massa. A pornografia, que estava na TV, filmes e revistas, passa a ter o seu espaço também na internet. Consequentemente, o acesso se torna muito mais fácil. Se antes a pessoa tinha de sair de sua casa para alugar um filme pornográfico, agora ela precisa somente ligar o computador e já está conectado à internet. Ela não só tem um acesso mais rápido como tem um volume maior de conteúdo.
Qual o resultado de tudo isso? Uma sociedade erotizada e o aumento de pessoas viciadas nesse tipo de conteúdo. De 1998 até 2007, o acesso a conteúdo erótico na internet cresceu 1,800 %(1). A indústria já não visa somente o público masculino, também oferece conteúdo para o público feminino e, consequentemente, a adesão feminina também cresce consideravelmente.
Ser humano tratado como objeto
A cultura de tratar a pessoa como objeto vai se tornando cada vez mais visível e latente nos relacionamentos. O ser humano é tratado como objeto de uso e um meio para o prazer de outros. É minimizada a dignidade da pessoa. As crianças já nascem numa sociedade que as cercam de imagens, oportunidades e assuntos que ainda não lhe deveriam ser apresentados. Existe um estímulo precoce na área da sexualidade.
O jogos infantis e adolescentes apresentam imagens de nudez, o que chamamos de “softcore”, ou seja, a pornografia leve usada no início do século XX. Os filmes e seriados de TV mostram cenas de sexo explícito, com penetração, casos de incesto e até estupro; esse tipo de cena é caracterizada como “hardcore”, ou seja, conteúdo pesado de pornografia. A pessoa não necessariamente precisa assistir a um filme pornográfico, ela pode ver outro filme com outro gênero como ação ou comédia romântica e este lhe oferecer conteúdo com insinuações e cenas de sexo. Os programas de TV tratam do tema com a maior malícia possível, sabendo que é sempre um assunto que dá ibope, porque desperta o interesse, procuram valorizar as cenas, os assuntos, as roupas e a palavras. Torna-se uma verdadeira apologia ao sexo. As novelas pregam o divórcio, o adultério e os relacionamentos homoafetivos.
Como consequência, na vida real, cresce o número de divórcio, adultério e relacionamentos homoafetivos. As músicas falam de sexo, insinuam sexo e estimulam as pessoas a essa prática. Em tudo isso existe uma enorme promoção da liberdade sexual. É crescente o número de viciados em conteúdo pornográfico. Cresce o número de viciados em sexo. Mas a sexualidade, o ato sexual, são realidades boas? Claro que sim. É muito bom! Porém, o que está em foco não é isso, já sabemos a resposta. O que precisamos ter claro é que existe uma corrupção da sexualidade ao longo da história com ideias como a de Alfred Kinsey e Wilhelm Reich, que promoviam uma total liberdade sexual, ideias que foram potencializadas pelos meios de comunicação.
Para terminar, uso um trecho do livro “7 Pecados Virtuais” onde o autor, Bruno Cunha, afirma: “A internet (ou livro, rádio, TV) não é absoluta. Ela depende daquele que a utiliza”. Isso é verdade! Você concorda? Eu concordo, afinal é apenas um meio, mas que pode me favorecer como também prejudicar, depende de como eu o uso. No entanto, se é verdade, fica a pergunta: Como você tem utilizado a internet e todos os outros meios de comunicação? Como anda a sua sexualidade afetada por ideias e valores passados por esses meios? Você faz um filtro de tudo o que recebe das mídias?
Use todos os recursos de tecnologia que lhe oferecem, mas não se permita moldar por uma sociedade erotizada. Seja livre! Não seja passivo diante dos meios, seja ativo diante deles. O que está em jogo é a sua família, seus filhos, sua esposa, seu esposo, seus parentes, amigos e toda a sua saúde sexual e afetiva. Não faça parte dessa cultura erotizada.
Ref: [8] Doidge, N. (2007). The Brain That Changes Itself. New York: Penguin Books,
106;
Jonathan Ferreira
Missionário da Comunidade Canção Nova
Fonte: formacao.cancaonova.com