Como podemos viver esta Palavra?
Todos nós podemos ter, na vida de cada dia, algum parente, um colega de estudo ou de trabalho, ou algum amigo que nos tenha feito uma injustiça, algum mal sem razão… Talvez nem tenhamos sonhado com a idéia de vingança, mas no coração pode ter ficado um sentimento de rancor, de hostilidade, de amargura ou só de indiferença, que impede um relacionamento autêntico de comunhão.
Então, o que fazer?
Já de manhã, levantemo-nos com uma “anistia” completa no coração, com aquele amor que cobre tudo, que sabe acolher o outro assim como ele é, com suas limitações, suas dificuldades, tal como faz a mãe quando o filho erra: sempre desculpa, sempre perdoa, sempre espera nele…
Aproximemo-nos de cada pessoa vendo-a com olhos novos, como se ela nunca tivesse caído naqueles erros.
Recomecemos vez por vez, sabendo que Deus não só perdoa, mas esquece: é esta a medida que Ele espera também de nós.
Foi o que aconteceu com um amigo nosso de um país em guerra, que presenciou o massacre dos seus pais, do irmão e de vários amigos. O sofrimento o faz afundar na rebelião, a ponto de desejar para os carrascos um castigo tremendo, proporcional à culpa deles.
No entanto, a todo momento lhe vêm à mente as palavras de Jesus sobre a necessidade do perdão; mas lhe parece impossível vivê-las. “Como posso amar os inimigos?” – pergunta-se ele. E precisa de vários meses e de muita oração antes de começar a encontrar um pouco de paz.
Mas quando, um ano depois, vem a saber que os assassinos não somente são conhecidos por todos, mas circulam livremente pelo país, o rancor volta a martirizar seu coração e ele começa a pensar qual seria sua atitude caso encontrasse aqueles seus “inimigos”. Implora a Deus que aplaque a sua ira e que mais uma vez o torne capaz de perdoar.
Ele mesmo conta: “Ajudado pelo exemplo dos irmãos com os quais procuro viver o Evangelho, compreendo que Deus me pede que eu não alimente aquela idéia absurda, mas que me concentre em amar as pessoas que no momento estão próximas, os colegas, os amigos… No amor concreto para com eles, aos poucos, encontro a força de perdoar de verdade os assassinos da minha família. Hoje eu sinto realmente a paz no coração”.
Chiara Lubich