Sábado da 1ª semana da Quaresma : Mt 5,43-48
Comentário ao Evangelho do dia feito por
Santo Isaac o Sírio (séc. VII), monge em Nínive, perto de Mossoul, no actual Iraque
Discursos ascéticos, 2ª série, 38,5 et 39,3 (a partir da trad. Alfeyev, Bellefontaine 2001, p. 46)
«Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus»
No Criador, não há mudança, não há intenções anteriores ou posteriores; na Sua natureza, não há ódio nem ressentimentos, não há lugar maior ou menor no Seu amor, nem antes nem depois no Seu conhecimento. Pois, se todos crêem que a criação começou a existir como consequência da bondade e do amor do Criador, nós sabemos que esta primeira motivação não diminui nem se altera no Criador em consequência do curso desordenado da Sua criação.
Seria profundamente odioso e perfeitamente blasfemo supor que há em Deus ódio e ressentimento – sequer para com os próprios demónios -, ou imaginar Nele alguma fraqueza ou paixão. […] Muito pelo contrário, Deus age sempre connosco pelos caminhos que sabe serem para nossa vantagem, quer estes sejam para nós causa de sofrimento ou de consolo, de alegria ou de tristeza, quer sejam insignificantes ou gloriosos. Todos eles são orientados para os mesmos bens eternos.