Quero partilhar, com você, algo sobre a intimidade com Deus e sobre a importância de poder ter um amigo, alguém íntimo, com o qual não precisamos usar máscaras, podemos contar as nossas fraquezas e, mesmo nos conhecendo bem, não nos abandona. Mas, por mais que tenhamos algum amigo com o qual conversamos e o consideramos nosso melhor amigo, haverá um momento em que ele não estará; nessa hora fica de pé aquele que está em Deus.
Intimidade quer dizer: colocar algo para dentro. Ter intimidade com alguém é colocar alguém dentro do coração; da mesma forma, intimidade com Deus é deixá-Lo nos colocar no coração d’Ele e colocá-Lo dentro do nosso coração.
Eu quero ter intimidade com o Senhor: que Ele me atraia e me guarde no coração d’Ele. Para que no momento em que eu não tiver nenhum nome para chamar aqui na terra, eu possa clamar “Pai” e Ele estará ali para me colocar no colo.
Contudo, a intimidade com o Senhor requer um preço. Só existe uma escola na qual se aprende a ter essa graça [intimidade] com o Pai e esse lugar é a cruz. Cada dia que se passa, o caminho vai se estreitando até que só caiba você, e ali você vai deparar com a cruz. E nesse momento você vai passar a ser amigo de Deus. Não dá para ter intimidade com o Altíssimo sendo apenas um espectador da cruz, isso só ocorre quando subimos nela; é nessa hora que aprendemos a ser amigos do Senhor. Existem caminhos e passos que nos ensinam a estar grudados no coração d’Ele.
Sempre que o Messias tinha de tomar uma decisão ou passar por um momento difícil, Ele se retirava para um lugar reservado a fim de orar (cf. Lucas 22, 39-45). E como sabia que estava chegando o momento da cruz Ele ia em busca de força. E a Palavra diz que Cristo começou a entrar em agonia; isso quer dizer que dentro d’Ele havia uma luta interior. Naquela hora a humanidade do Filho de Deus começa a tremer, estava com medo, mas queria fazer a vontade do Pai. Naquele momento o Senhor faz essa linda oração “Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua” (Lucas 22, 42). A oração de Jesus era aquilo que estava em Seu coração, por isso bebeu aquele cálice até o fim.
Se você quer ter intimidade com Deus busque a vontade d’Ele na sua vida. Talvez o Pai queira que você busque aquela pessoa para pedir perdão. Talvez você esteja numa situação em que queira jogar tudo para o alto, mas o Todo-poderoso lhe pede: aguente firme! Ou talvez o Senhor lhe tenha pedido que aguente firme sua enfermidade, aceitando-a e confiando n’Ele.
Eu não sei qual é o “cálice” que Deus pede que você beba no dia de hoje, mas, aceite-o, pois o seu coração se tornará cheio do Senhor. Esse é o primeiro passo: “Senhor, eu não queria que fosse dessa maneira, mas se o Seu coração se alegra, eu bebo esse cálice”.
Todo dia, o Senhor nos oferece um “cálice” para que o bebamos. Há dias em que este é doce e até o bebemos com gosto; mas há dias em que o Pai oferece um “cálice” amargo. Mas se ele vem das mãos d’Ele, beba-o, aceite-o, pois não é veneno. O Todo-poderoso não quer o nosso mal, quer apenas nos curar. “Cálice” doce é motivo de gratidão, mas o amargo é cura. Ainda que o [cálice] amargo venha das mãos do Pai, aceite-o, deixe Deus ser Deus em sua vida!
Se hoje você está recebendo um cálice doce, beba-o e agradeça-o. Mas se o seu cálice está sendo difícil, ore a Deus, fale o que está no seu coração e aceite-o também. Porque o próprio Jesus disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8,34b).
No entanto, se você não aceita a vontade de Deus na sua vida, você pode levantar muito as suas mãos, dar muitas glórias a Deus, mas você não conhecerá o coração do Senhor.
Padre Antônio José