Alma do sacerdote deve ter “musculatura de Rambo”

ROMA, domingo, 29 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- A alma do sacerdote deve ter “uma musculatura interior de Rambo”, que seja alimentada com “a oração, a vida interior e a verdadeira motivação”.
Foi o que indicou na sexta-feira o secretário da Congregação para o Clero, Dom Mauro Piacenza, que se reuniu com um pequeno grupo de jornalistas para apresentar algumas reflexões e atividades que se realizarão em Roma no contexto do Ano Sacerdotal, evento que encerra a 11 de junho na basílica de São Pedro.
Ele se referiu ao congresso “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”, que acontece nos dias 11 e 12 de março na Pontifícia Universidade Lateranense. Também citou o Encontro mundial de sacerdotes, que apresentará várias atividades acadêmicas e litúrgicas nas quatro basílicas maiores de Roma, de 9 a 11 de junho.
A organização de ambos encontros está a cargo da Obra Romana de Peregrinações, dependente do Vicariato de Roma, órgão da Santa Sé.
Temas como cristologia, identidade sacerdotal, desafios da cultura contemporânea, liturgia, celibato e atividade pastoral serão abordados não só do ponto de vista dos padres, mas também dos seminaristas, diáconos e leigos.
No próximo dia 11 de junho, uma sexta-feira, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Ano Sacerdotal será encerrado na basílica de São Pedro com uma missa presidida pelo Papa.
Frutos
Dom Piacenza assegurou que durante este ano comemorativo, do qual se passaram cinco meses, muitos sacerdotes se renovaram na vocação. Ele disse que “por renovação não se entende revolução”, mas uma “renovação interior”, quer dizer, uma redescoberta das fontes da vocação sacerdotal.
Indicou que neste ano se deve “expressar o agradecimento por um serviço que tantas vezes se faz escondido”, referindo-se às atividades pastorais e litúrgicas que tantos sacerdotes desempenham”.
Dom Piacenza assinalou que são vários os aspectos da vocação sacerdotal que se pretendem ressaltar. Em primeiro lugar, a adoração eucarística: “a primeira coisa que devemos fazer é rezar”, disse o secretário.
Ele destacou ainda o papel de várias dioceses no mundo, muitas das quais têm dado uma ênfase especial nas jornadas de adoração ao Santíssimo pela santidade dos sacerdotes.
Exemplos
“Os sacerdotes às vezes devem remar contra a corrente”, disse Dom Piacenza, falando “em sentido evangélico, quer dizer, fazer guerra, mas de santidade”.
Ele convidou a recordar a figura do Santo Cura D’Ars. “Que ele fez de extraordinário?”. “Nada”, respondeu. “Centrou tudo em sua vocação: as obras pastorais, a eucaristia e a confissão”.
A respeito do sacramento da confissão, Dom Piacenza afirmou: “oxalá todos nós, sacerdotes, fôssemos ‘explorados’ pelos fiéis”.
Referindo-se a São João Maria Vianney, indicou que “não tinha dotes particularíssimos de inteligência”, mas “foi um pastor excepcional. Não se licenciou em pastoral”, porque o trabalho de um sacerdote se aprende especialmente “com o amor de Deus”.
O prelado assegurou que neste ano se quer ressaltar o aspecto da maternidade espiritual, recordando o exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, que ofereceu tantas orações, sacrifícios e mortificações pela santidade de muitos sacerdotes, até o ponto de ser declarada padroeira das missões, apesar de sua condição de religiosa de claustro.
“Ela foi uma mãe dentro da comunidade do Carmelo. Converteu-se em anjo da guarda de muitos sacerdotes”, assegurou Dom Piacenza.
O secretário da Congregação para o Clero indicou que na história recente da Igreja não se dedicou um ano aos sacerdotes.
Não obstante, em ocasiões anteriores se realizaram vários encontros internacionais, entre 1996 e 2004, que tiveram lugar em Portugal, Costa do Marfim, México, Terra Santa, Roma e Malta.

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