“Segundo Santo Tomás o pecado é um ato pelo qual nos afastamos de Deus, nosso último fim, e nos prende de maneira desordenada às criaturas. Perdendo a graça habitual, que nos unia a Deus, separamo-nos Dele. O pecado é uma verdadeira injustiça, visto roubar a Deus uma porção da glória a que Ele tem direito; exige, pois, de justiça, uma reparação, que consistirá em restituir a Deus, na medida do possível a honra e glória de que o privamos por nosso culpa.
A adoração é uma graça, é iniciativa de Deus. Quando a gente entra na adoração devolvemos a Deus a porção da glória que ele tem direito, acontecem graças especiais. A graça das graças que o Senhor quer nos dar está expressa em Lucas 08. Aqui a declaração do evangelista é incrível, ele era médico e deu um grande atestado sobre Maria Madalena: “os doze estavam com ele como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria chamada Madalena da qual tinha saído sete demônios”.
Que atestado! Primeiro ele diz sobre mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades, e a primeira que ele coloca foi Maria Madalena do qual tinham saído sete demônios. O evangelho não conta como foi essa libertação de Maria Madalena, mas os apóstolos viram, tanto que Lucas a descreve e diz que foram sete demônios expulsos dela. Depois fala de Joana, a mulher de Cuza, que era superintendente do Rei Herodes, portanto, uma mulher saída da Corte de Herodes. Joana, esposa de Cuza, veio para seguir Jesus. Lucas fala ainda de Suzana e de outras, inclusive disse, que elas o assistiam com suas posses.
Eram mulheres de posses que seguiam Jesus e o assistiam, mas infelizmente eram mulheres com vidas estragadas. Foram essas mulheres que Jesus chamou para serem próximas e íntimas dele. Ficamos atordoados com isso porque no nosso critério Jesus deveria chamar os bonzinhos, gente de bom passado, boa família, sem nenhum acidente de percurso na vida, pessoas nas quais nada se pudesse falar de mal. O critério de Jesus é diferente do nosso: Jesus veio para os que estão doentes e perdidos. Jesus chama cada pessoa, sem impor condições, para que todos nós sejamos próximos e íntimos do seu coração. Ele chama a cada um de nós a sermos íntimos e próximos pela adoração.
Jesus é desencontrado de todo pensamento humano. Nosso critério é oposto ao de Jesus. Ele chama a todos, chama os pecadores que se distanciaram de seu coração e do Pai. O Senhor está nos chamando, cada um pessoalmente, para o seguirmos e sermos seus adoradores. Adorar é devolver ao Senhor os direitos que Ele tem sobre nós, ele é o Senhor. Você diria: “Mas eu? Sou tão pecador! Eu ser um adorador, alguém íntimo do Senhor? Com a minha vida, com o meu temperamento, com a minha história, com o meu passado?” O Senhor chama a todos, não exclui ninguém. Chama todos os pecadores como está atestado no Evangelho de Lucas. É isso que o Senhor quer de nós: sermos adoradores! Você está sendo chamado.
No evangelho de João Jesus diz para a samaritana: “O Pai está buscando adoradores que o adorem em espírito e em verdade”. Ele diz isso para uma mulher atormentada que já tinha cinco maridos, portanto, deveria ser uma mulher muito bonita que passou pelas mãos de cinco diferentes maridos que depois a largaram também. Ela deve ter vivido coisas terríveis e o próprio Jesus disse: “Esse homem com quem você está nem é seu marido, só estão juntos”. Ela ficou espantada em ver como Jesus sabia tudo a seu respeito.Há uma coisa interessantíssima: a mulher foi buscar água no poço como era de costume. Jesus ficou lá, sentadinho na beira daquele poço, é certo que esperava por aquela mulher. Quando ela chegou não podia imaginar Jesus travando um diálogo com ela e mostrando-se necessitado pedindo água. Ela assustada lhe diz: “Como é que o Senhor pode pegar água sem balde e corda”. Ele só teria água se ela lhe desse de beber.
A samaritana estranhou o fato dele estar falando com ela. Jesus estava conquistando-a para que além do seu pecado, ela pudesse ter uma experiência de encontro pessoal com Ele, o Senhor, e pudesse experimentar o amor de Deus em sua vida, pudesse experimentar o acolhimento. Jesus estava chamando-a a ser íntima de seu coração pela adoração em espírito e em verdade. Jesus queria lhe revelar que, na verdade, a sede era dela.
Eu posso dizer sem medo que muito mais do que nós buscarmos, é ele que está nos buscando. Ele também espera por mim e por você como esperou sentado no poço por aquela samaritana. Independente dos nossos pecados, dos nossos erros, das nossas infidelidades, Jesus espera por nós. Ele nos chama não somente para o arrependimento, mas está nos chamando para que sejamos adoradores, íntimos do seu coração”.
Pe. Jonas Abib
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