Celibato pelo Reino dos Céus

DESCOBERTA

Foto: Leila Lima / Arquivo Vocacional Geral

Logo que ingressei na Comunidade Canção Nova, no ano 2000, Deus começou, através das pessoas, a mexer comigo, dizendo que eu tinha um “jeitinho” de celibatária. Eu só ouvia e ficava quieta, mas dentro de mim eu não aceitava. Recordo-me de que, em 2003, em uma jornada espiritual, o Senhor falou muito forte comigo sobre ser celibatária, mas não dei continuidade. Por várias outras vezes, Ele me fazia experimentar algo que fizesse ressoar dentro de mim a vida celibatária, mas eu sempre desviava desse foco.

Eu não tinha dentro de mim clareza sobre o meu Estado de Vida, e também não buscava mergulhar nesta descoberta, porque, no fundo, eu sabia no que poderia dar. Em 2011, sentindo um profundo incômodo de não ter ainda definido dentro de mim o meu estado de vida, decidi dar passos para esta definição. Foi, então, que, através da direção espiritual, do acompanhamento formativo da comunidade, na busca através das leituras, encontro sobre estado de vida e pregações, consegui mergulhar neste discernimento e tocar na minha verdade e no chamado especial de Deus em minha vida. Fiz a leitura de minha vida e percebi que Deus me separou desde sempre. Deus me preservou, me livrou da morte, me colocou em uma família que soube me conduzir para Ele e me apresentou o Carisma Canção Nova

A VOZ

Em 2013, toquei em minha história, percebendo a voz de Deus que, delicadamente, sinalizava este estado de vida desde sempre. Em 2014, no dia de São José Operário, nas palavras do Frei Josué Pereira, meu primeiro compromisso temporário, foi marcado por um “tom” de entrega total, pura e fiel. O segundo compromisso em 2015, no Dia do Imaculado Coração de Maria, pelas palavras do Padre Fabrício Andrade, foi marcado pela experiência de saber aparecer e desaparecer no momento certo, sendo uma árvore de ponta cabeça que tem as raízes no céu e os frutos na terra. Em 2016, no dia de São João Batista, o meu terceiro Compromisso foi marcado pelas palavras do Padre Arlon Cristian, que fez a junção das três datas e concluiu dizendo: São José Casto, Nossa Senhora obediente e São João Batista pobre. Algo que falou muito ao meu coração na vivência do celibato em minha vida, pois a mão providente do Senhor conduziu todas as coisas. No ano de 2017, em um domingo ‘Dia do Senhor”, nas palavras do Padre Fabrício Andrade, meu Definitivo de Celibato foi marcado pela importância que o celibatário tem de ser ‘porta’, não qualquer porta, mas sim a porta que leva as pessoas ao encontro com Jesus.

Arquivo Pessoal

Isso tudo tornou-se o fio condutor para este tempo que me ajuda a mergulhar de forma especial também na maternidade espiritual, no ser intercessora, na intimidade com Deus e no ocupar-me com os interesses do Senhor. Sobretudo, continuo mergulhando nesta vivência, pois há muito a ser desbravado. Tenho ainda mais clareza que o Celibato é a “memória das origens e a Profecia da eternidade”Esse itinerário em minha história celibatária me faz viver hoje uma entrega total e indivisa ao Senhor que transborda na missão que ele me chama a cada tempo no Carisma Canção Nova. A vida celibatária é uma graça que, assumida, gera alegria no coração e a coerência de vida provoca um transbordamento que contagia os irmãos.

Veja também:

:.Campanha Vocacional 2022

CARISMA CANÇÃO NOVA

“O seu celibato é uma graça para a comunidade: por ele, o Senhor libera, de maneira singular, o coração da pessoa; por ele, ela pode abrir-se ao amor de Deus e aos irmãos todos sem divisão alguma; por ele, ela pode dedicar-se de maneira muito mais livre aos vários trabalhos e atividades apostólicas nos mais diversos lugares e situações.”   Monsenhor Jonas Abib

Na Comunidade Canção Nova, tomamos como modelo a figura de João Batista onde encontramos uma existência que foi toda permeada pela alegria de uma consagração de vida. Por tudo que ele sinaliza no Carisma, sobretudo no celibato, enxergamos as características necessárias para que, de fato, sejamos “um farol que aponta para Deus, alguém que vai ao encontro dos irmãos, que sai de si a fim de levar esperança, alegria e confiança, apontando sempre para o centro que é Jesus” enfatiza o fundador Monsenhor Jonas Abib, ao corpo celibatário da Comunidade Canção Nova

Arquivo Núcleo Celibatários – Canção Nova

João Batista era porta e seta que indicava Jesus, porque ninguém parava nele, ou seja, atraía as pessoas para dar Deus com sua paternidade espiritual. Só um coração humilde pode se posicionar e permanecer no amor esponsal, e permitir que Jesus seja Senhor. A paternidade e maternidade espirituais são inerentes ao Celibato, e é justo que os irmãos bebam desta fonte que vem do amor esponsal em cada celibatário. Com a vivência coerente do nosso estado de vida, expressada por uma vida de oração cada vez mais encarnada, pela busca de aprofundar no amadurecimento humano, com uma vida ascética e testemunhal para sermos “um sinal visível da feliz expectativa da vinda do Senhor”.

“O celibatário pelo Reino de Deus é o batizado que tem, na sua vida, a experiência profunda de Jesus Ressuscitado. Isso converte-o em evangelizador e testemunha. A consagração do seu celibato ao Reino é o seu testemunho”, destaca Antonio-Luis Crespo Prieto, autor do livro Celibato pelo Reino de Deus.

 À luz da ressurreição, vamos sendo educados para viver a cruz de cada dia com amor, enfrentando sofrimentos, ora para nossa própria purificação e conversão, ora pela salvação dos pecadores do mundo inteiro. E com a Virgem Maria, o modelo mais elevado de vida celibatária, encontraremos sempre a inspiração para permanecermos fiéis até o fim na vivência do celibato pelo reino dos céus. 

 

 

Priscila Graziela Bergamini Almeida – brasileira e membro da Comunidade Canção Nova, desde 2000, no modo de compromisso do Núcleo. Atualmente, reside na missão de Cachoeira Paulista (SP) e representa o núcleo dos celibatários no Conselho Geral da Comunidade Canção NovA

– Nos siga no Instagram 

– Nos siga no Twitter

 

Comments

comments