Há diferentes vocações, mas é um mesmo e único Deus que chama a todos.
O chamado é sempre particular, pessoal e intransferível. Ou seja, ninguém ouve por você o chamado que Deus te fez. Ou você ouve Deus falando, das mais infinitas e criativas formas – mas sempre de um jeito que você “ouvinte” entenda – ou Ele não chamou. Deus é simples, Ele não gosta de complicar as coisas. Às vezes Deus se utiliza de uma pessoa ou outra pra chamar a sua atenção, pois quer lhe falar, mas Ele falará para você, não pra pessoa. Entendeu? A vocação é sempre um exercício de correspondência, Deus chama, eu escuto e respondo, Ele envia, assim como Samuel: “O Senhor chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui!” (1 Samuel 3, 4).
A revelação da vontade de Deus a nosso respeito se dará no decorrer desse processo de correspondência. É na intimidade com Deus, ou seja, tornando-me cada vez mais seu amigo, que as coisas vão se tornando mais claras. No início Samuel precisava da ajuda de Eli pra entender que era Deus que o chamava, mas à medida que ele mesmo foi buscando essa intimidade ouvia Deus mais alto e mais claro. Aqui quero chamar a atenção para a importância de um diretor espiritual nesse processo de discernimento.
Ser amigo de Deus
Mas lembre-se: Ser amigo de Deus é o primeiro passo pra quem quer discernir bem uma vocação. E será sempre o “toque de caixa” dessa vocação, quanto mais íntimo de Deus eu for, mais eu corresponderei com alegria a esse chamado, mais fácil será obedecer à voz de Deus, que na medida da nossa correspondência vai pedindo mais e mais, nos confiando missões cada vez maiores.
Interessante que pode parecer tensa essa relação com Deus, mas aí é que está o segredo. Quando é Deus que chama e livremente vamos respondendo a esse chamado e tornando-nos amigos de Deus, vamos sendo tomados por uma paz e uma alegria que autentica este chamado e chancela a nossa decisão. O medo não cabe nessa relação de amizade com Deus e pouco a pouco ele -o medo- vai ficando menor e mais distante.
Paz e alegria serão, portanto, nossos companheiros no discernimento vocacional e em nossa vocação, pois também serão eles que nas horas difíceis e nubladas nos indicarão o caminho certo.
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.” (Evangelli Gaudium n.1)