Testemunho: Deus tinha um chamado para mim

Meu nome é Maria Angélica de Mello Anjos, tenho 31 anos, sou natural de Agudos ­SP. Sou missionária da Comunidade Canção Nova há 6 anos, e hoje vivo na missão de Fátima em Portugal.

No ano de 2003, fui para um retiro de Carnaval na cidade de Arealva , com a comunidade Alpha e Ômega, e naqueles dias tive minha experiência de encontro pessoal com Jesus e batismo no Espírito Santo, e a partir desse retiro conheci mais de perto a realidade de novas comunidades e dentro de mim crescia o anseio do meu coração em ser de Deus, em servir a Deus integralmente.

Fui tocando então no desígnio de Deus para a minha vida, havia um chamado de Deus para mim. Sempre fui ativa em minha paróquia, a São Paulo Apóstolo, participava da pastoral da juventude, da Renovação Carismática, onde frequentava o grupo de oração Mensageiros da Divina Misericórdia, mas tudo aquilo que eu fazia, que não era pouco, pois meus fins de semana eram sempre ocupados com as atividades do grupo e da paróquia, eu julgava e sentia ser pouco, havia sempre um vazio interior e o desejo de fazer mais e dar mais para Deus do meu tempo.

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Eu ia realizando meus sonhos e projetos pessoais, mas o vazio interior não se preenchia. Fui percebendo então a escolha de Deus para mim em uma consagração de vida. Em 2005, consegui uma bolsa de estudos para o curso que eu desejava estudar , Ciências Biológicas, iniciei a realização de um grande sonho meu e de minha família também, e nesse mesmo ano conheci mais de perto a Comunidade Canção Nova, através da Casa de Missão de Bauru, a vida missionária; a fraternidade vivida na casa comunitária; o colocar a vida em comum como narra o livro dos Atos dos Apóstolos, e com essa aproximação percebia ali uma grande ressonância com aquilo que meu coração tinha o anseio e se sentia chamado a viver.

Iniciei então o caminho vocacional, e a cada encontro eu me identificava mais como o modo de viver Canção Nova, mas também vivia ao mesmo tempo a concretização da realização de um sonho que era me formar na faculdade e como já disse sonho da minha família também, principalmente meu pai.

No tempo de caminho vocacional fui dando-me a conhecer e a Comunidade Canção Nova foi me conhecendo também. Trabalhando a minha história de vida pessoal, me reconciliando com ela e me descobrindo como pertença no Carisma Canção Nova.

Ao final do segundo ano, o meu desejo de ser de Deus era tão grande que eu estava disposta a deixar tudo para seguir Jesus e ingressar na comunidade, inclusive a faculdade que não estava terminada. Meu pai manifestou uma resistência à minha escolha e não concordava com isso, fui partilhando com a missionária da Canção Nova que me acompanhava, Jaqueline Novais e diante de algumas marcas que trazia na minha historia com meu pai, algumas feridas causadas pelo vício da bebida, o meu relacionamento com ele que por esses motivos tinha se tornado distante. Então fui aconselhada a terminar a faculdade, buscar essa reconciliação com meu pai , a reaproximação dos laços que tinham se perdido entre pai e filha e continuar a fazer o caminho vocacional, pois eu precisava sair da minha casa com a benção do meu pai e naquela altura eu ainda não a tinha .

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De inicio eu não entendi a decisão da equipe vocacional , mas acolhi e obedeci. Vivi aquele ano que me foi dado a busca de aproximação , do perdão e da cura da minha historia com meu pai de forma intensa, fui percebendo que a faculdade era um mero pretexto de Deus para que eu vivesse tudo isso.

Quando chegou o final de 2009 , eu já terminava os estudos , e já não havia mais nenhum impedimento para que eu desse meu sim a Deus, entregando minha vida a Deus na Canção Nova.

Entreguei meu TCC, fiz colação de grau , vivi essa alegria com a minha família. No dia 16/01/2010 às 16:00 com a benção do meu pai cheguei na Canção Nova , na missão de Cachoeira Paulista.

Era uma alegria, pois havia encontrado a vontade de Deus para minha vida e o lugar que Deus tinha escolhido para me plantar e me ver florescer. Mas como o seguimento de Jesus nunca vem sem ser acompanhado do “tomar a sua cruz e seguir”, nem tudo era flores e dois meses depois de estar na Comunidade, muito feliz , um dia liguei para casa e percebo meu pai muito distante e muito calado. Quando pergunto a meu pai “esta tudo bem ? Ele não consegue esconder e me diz : “não está não, o pai está doente e não sabe o que tem!”

Naquela ligação eu fiquei sem chão, tinha apenas 2 meses que eu tinha saído da minha casa e meu pai estava bem , como podia ser?

E assim na semana daquela ligação , ele foi fazer uma endoscopia e o médico ficou assutado pois foi muito dificil realizar. Eu fui para casa e ao chegar me deparei com meus pai 10kg mais magro, fraco, debilitado em uma cadeira de rodas e naqueles dias em que estive lá saiu o diagnóstico um câncer invasivo de esôfago já em estado terminal.

Busquei forças em Deus e fui sustentada na oração pela minha Comunidade, tentando ser a presença de Deus e levar esperança para minha mãe e meus irmãos de que tudo ia ficar bem. Mas quando estivemos com o médico que era conhecido da minha família , ele nos disse :”não há o que fazer , o câncer está muito avançado , ele esta muito debilitado, não resistirá a uma cirurgia, é apenas questão de dias, e assim foi meu pai ficou no hospital , já não se alimentava mais , muito debilitado, viveu naqueles dias vários processos de reconciliação com pessoas que era preciso e na sexta ­feira da paixão , dia 02/04/10, às 14:45 ele entrou na vida eterna.

Foi muito difícil para mim , tinha apenas 2 meses que eu tinha deixado a minha casa , minha mãe e meus irmãos. Meu pai era um porto seguro para nós, mas dentro de mim eu me sentia muito em paz , pois tive a graça de viver essa reconciliação que me trouxe essa tranquilidade com a sua morte e a certeza que meu pai foi curado sim , não do corpo mas na sua alma e hoje tenho a certeza que está no céu e é nosso intercessor.

Tudo isso só pude viver pela graça e ajuda que recebi no caminho vocacional que me ajudou a enxergar que minha história com meu pai precisava de reconciliação e assim aconteceu. Penso que se eu não tive vivido isso, não suportaria voltar para minha casa e não encontrar mais meu pai se não tivesse me reconciliado com ele.

Você que se sente chamado por Deus a uma entrega de vida não tenha medo de se deixar acompanhar em um caminho vocacional, independente de você ingressar em uma Comunidade, Congregação ou um seminário vai ser uma ajuda útil para a sua vida !

Deus abençoe !

Maria Angelica Anjos
Missionária da Comunidade Canção Nova – Portugal

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