Como Jesus, precisamos ser promotores da paz, da justiça e da vida
Se vivermos concretamente a fraternidade, estaremos fazendo a maior e melhor pregação do Evangelho. Os apóstolos a experimentaram, não só entre si, mas, principalmente, por meio de um empenho por uma vida mais digna para seus irmãos.
O testemunho da possibilidade da fraternidade foi o melhor modo de pregar o Evangelho. Esse testemunho arrastou inúmeras pessoas: a cada dia, o Senhor aumentava o número daqueles que se contagiavam pela fraternidade efetivamente vivida pelos primeiros cristãos (cf. At 2, 47).
Precisamos urgentemente redescobrir, na prática, esse poderoso método de evangelização.
A fraternidade evangélica não se resume à simpatia que temos pelas pessoas do nosso grupo. Ela extrapola esse parâmetro, abrange especialmente os pobres e os necessitados. E não poderia ser diferente, porque Cristo se identificou com os pobres (cf. Mt 25,31ss); definiu sua missão a partir da evangelização dos pobres (cf. Lc 4,18-19) e demonstrou a veracidade de seu Evangelho a partir de sua ação em favor dos pobres (cf. Lc 7, 21-22).
Quando falamos de pobres, não os estamos reduzindo somente ao grande exército daqueles que nada têm. É claro que os abrange de modo especial, mas estão incluídos também os doentes, os presos, os oprimidos, os marginalizados, os humilhados, os menores e as prostitutas, entre outros. Eis um grande campo para o nosso apostolado e um grande desafio para cada um de nós.
Deus nos dá sempre o que pedimos, desde que peçamos o que for melhor para nós. Mas, acredito, por experiência, que ele quer usar dos irmãos para nos dar o que pedimos. Por isso, a oração comunitária é poderosa, mas a caridade é mais poderosa, porque é a melhor forma de oração.
Deus sempre usou da mediação humana para falar aos homens. Sua Palavra nos foi transmitida por intermédio de homens inspirados. Sua ação libertadora tornou-se concreta por meio de um homem escolhido, Moisés, o libertador. O próprio Filho nos foi dado através de uma mulher fantástica, que permitiu a ação de Deus em sua vida, Maria; e também de José, que O protegeu e Lhe deu um lar.
Ainda hoje, Deus quer nos falar por intermédio dos homens; e, de fato, nos fala. Através dos pobres e marginalizados o Senhor quer gritar por justiça. Através dos menores, Ele nos fala de amor. Através dos oprimidos, nos fala de libertação. Através de um amigo querido, Ele nos fala do amor verdadeiro, do perdão, da doação. Enfim, através dos homens, Deus Pai sempre tem uma mensagem especial e específica para nós. É preciso ouvi-Lo.
Por isso, devemos ser promotores da paz e da justiça. E devemos evitar o jugamento, a fofoca, a calúnia, a mentira, a inveja e o ciúme. A fofoca e a calúnia são os maiores obstáculos para que o homem entre em contato com Deus através dos outros homens. Elas [fofocas e calúnias] são frutos da inveja e do ciúme (cf. Gn 4,3-8).
Infelizmente, os cristãos não percebem que, quando uma fofoca é feita contra outro cristão, é a Igreja toda que está sendo atingida. É todo o corpo de Cristo que está sendo atacado. A divisão entre os cristãos é o maior escândalo do mundo. Cristo pediu que fôssemos um, somente assim o mundo iria crer na Palavra d’Ele (cf. Jo 17,21). Mesmo assim, os cristãos se deixam levar pela fofoca e pela calúnia, especialmente contra religiosos e padres. Com isso, além de pecar, não trabalham para a verdadeira evangelização.
Como Jesus, precisamos ser promotores da paz, da justiça e da vida verdadeira. Nossa presença no meio dos homens deve ter essa conotação. Tudo o que fazemos e somos deve ser no sentido de sermos testemunhas da vida escondida em Deus que experimentamos na oração.
(artigo extraído do livro “Tocar o Senhor”)
Pe. Léo