Deixei família, trabalho e vim para a Canção Nova, desinstalada aos 100%
No Brasil ou no mundo, cada padre tem seu estilo de homilia, sua maneira própria de falar de Jesus, sua linguagem, mas em geral, falam de um Deus que é amor, que nos quer felizes, que se preocupa conosco, quer o nosso bem… Ouço isso desde pequena e alegra o meu coração saber que é Ele que escolhi, é a Ele que sirvo, esse Deus amoroso, que me perdoa, me ama como sou.
Mas esses dias ouvi algo diferente, engraçado, que me chamou a atenção. Padre Toninho (Comunidade Canção Nova) dizia que, na verdade, quem encontrou Jesus, encontrou encrenca. Aquilo foi tão impactante para mim que comecei a analisar a minha história e a vida daqueles que largaram tudo para seguir o Mestre, dos apóstolos aos recém-convertidos na caminhada.
Os textos sagrados mostram que Jesus não levou uma vida cômoda, pacata…
Por ser de família humilde, na simples carpintaria de Nazaré, teve que ralar muito, sofreu perseguições por assumir sua divindade, inveja, preconceitos, mas nunca buscou uma vida confortável, de facilidades, pelo contrário. Era disciplinado e dava o sangue para ir atrás de uma ovelha perdida que fosse.
E o primeiro chamado que fazia a seus amigos era exatamente que deixassem tudo para segui-lo. O seguimento a Jesus, portanto, implicava em si um deixar, uma mudança de rota, de atividades, atitudes, conceitos… É por isso que Pe. Toninho não estava errado. Jesus nos tira do comum dos homens, nos leva a reflexões e ações exigentes, que requerem de nós conversão e doação de vida. Ele realmente nos desinstala.
Quem não ouviu a história de um outro sacerdote, aliás tão amado por nós, que um dia fez um apelo meio inusitado para o grupo de jovens que o acompanhava, de deixar pai, mãe, trabalho e até namoro para dar um ano de sua vida para Deus? Monsenhor Jonas Abib poderia ter tentado convencê-los enumerando as coisas boas que teriam se optassem por uma vida entregue à evangelização, mas tão em sintonia com o coração de Jesus ele estava que já foi logo desinstalando aqueles jovens, como Jesus era mestre em fazer. O jovem rico que o diga.
Aos 15 anos senti que aquela pergunta também era para mim e aquilo me inquietava. Relutei interiormente durante alguns anos, mas aos poucos fui entendendo que era uma vocação específica que o Senhor estava me fazendo, a mim cabia acolhê-la e dar uma resposta generosa. Deixei família, trabalho e vim para a Canção Nova, desinstalada aos 100%.
Neste Ano da Memória, tempo em que a Comunidade Canção Nova é convidada a resgatar seu chamado, a refletir sobre sua história, contemplá-la como desígnio do Pai, convido você a também avaliar como está a sua caminhada com Deus, porque quem se encontrou verdadeiramente com Ele é automático que queira sair de si, ir em direção ao outro, querer o bem do outro, nas simples atitudes do dia a dia.
É certo que o mundo nunca aceitou nem vai aceitar de sorriso nos lábios os verdadeiros cristãos.
Se hoje você sofre alguma indiferença ou perseguição por ser alguém de fé, você está no caminho certo e agora entende porque quem encontrou Jesus encontrou encrenca. Agora, mesmo com tantas renúncias que fazemos por Ele na nossa vida, me pergunte se quero voltar atrás! Eu não quero! E você?
Jornalista e missionária da Comunidade Canção Nova