Os Sinos e os Anjos

 

Os Anjos e os Sinos

anjo do sinoVocê sabia que os sinos das igrejas podem ser dedicados, cada um, a um Anjo?! Os anjos chamam para a Santa Missa, avisavam o povo as horas, a necessidade de se reunirem para apagar um incêndio, avisavam o povo para fugirem dos ataques dos inimigos… Não eram só os sinos, eram os anjos velando por nós… O sino consagrado e dedicado a um anjo, não é mais um simples sino, é um espaço dedicado a presença do anjo protetor de uma comunidade.

Antes dos sinos, as pessoas eram chamadas para a oração com matracas, trombetas… Existem documentos históricos que dizem que desde o século XV, os monges já passaram a usar os sinos para chamar os fiéis para a oração. E, desde o século XVIII, passaram a serem abençoados e ganham nomes de santos e anjos, para que seu toque seja como uma oração da comunidade a esse anjo ou santo. Isso não é bonito?! No ano de 968, o Papa João XIII benzeu um grande sino que mandou colocar na igreja de Latrão e ao qual deu o nome de “João Batista”. Se quiser ver a oração que esse Papa fez para abençoar o sino (clique aqui).

Por isso que, antigamente, os inimigos da fé cristã, ao fecharem as Igrejas, a primeira coisa que faziam, era destruir os sinos.

Os Sinos de Notre Dame

Notre Dame, é o mesmo que “Nossa Senhora”em francês, é o nome de uma igreja gigantesca que existe em Paris na França.

Os sinos originais da catedral de Notre Dame de Paris, foram destruídos barbaramente pela Revolução Francesa em 1792, com exceção de um, batizado com o nome “Emanuel”.

Por ocasião de sua bênção ritual os sinos recebem nomes que são gravados no seu bronze. O “Emanuel” foi doado há mais de 300 anos pelo rei Luis XIV e pesa 13 toneladas.

No século XIX, Napoleão III mandou preencher o vazio com sinos de menor qualidade e carentes de afinação. Os especialistas, sempre muito exigentes, diziam que se tratava do pior conjunto de sinos da Europa.

E, embora foram recuperados o desenho dos sinos antigos e das partituras originais dos carrilhões, quem os faria? Haveria ainda mestres que continuassem o antigo ofício nascido na Idade Média?

 

Em Villedieu-les-Poèles, cidadezinha da Normandia, uma fundição tradicional — a Cornille Havard — ainda utilizava os velhos métodos de produção dos sinos. São técnicas ancestrais que remontam à Idade Média e que podiam dar vida a réplicas fiéis.

Quando se soube do projeto de recuperar os sinos de Notre Dame, um entusiasmo empolgou mestres e operários. Paul Bergamo, era o presidente da fundição.

A emoção, a alegria e a veneração tomaram conta de Villedieu-les-Poèles quando um dos sinos, já sobre a carreta, foi tocado em homenagem aos fundidores. O caminhão partiu em meio aos aplausos dos católicos de Paris.

Por sua vez, a Fundição Real Eijsbouts, da Holanda, encarregou-se de fazer o bourdon (sino de tamanho excepcional), batizado “Marie”, cujos custos foram cobertos com doações de particulares.

A chegada dos novos sinos a Paris, no dia 31 de janeiro de 2013, foi uma apoteose. As autoridades montaram uma arquibancada para o povo que queria vê-los.

Na realidade, ao longo de uma viagem de mais de 300 km, o transporte dos sinos deu origem a uma série de acontecimentos: na autoestrada, as pessoas aguardavam sua passagem de cima das pontes.

Em Paris, o serviço de segurança teve trabalho especial por causa da multidão — aliás, ordeira e respeitosa — que assistia os braços mecânicos descerem os imensos sinos.

Emanuel”, o venerável bourdon do rei Luis XIV, o único dos sinos que escapou da sanha dos revolucionários, recebeu seus futuros “irmãos” de campanário tocando sozinho.

Eles só foram exibidos a partir de uma bênção solene.

Os sinos se fizeram ouvir pela primeira vez na véspera de um Domingo de Ramos.

O primeiro toque oficial foi o “Grand Solemnel” no Domingo de Páscoa, diante de uma multidão emocionada e entusiasmada.

O som dos sinos simboliza a presença de Deus na cidade , porque seu som é como o próprio Deus: é a suma beleza.

Com o som dos sinos é todo o Universo que se põe em movimento.

 

Símbolos gravados em cada sino

Os novos sinos são:

O bourdon “Marie” (6.023 kg; 206,5 cm de diâmetro), consagrado a Nossa Senhora, a quem está dedicada a catedral. Ele é reprodução de idêntico bourdon que tocou de 1378 a 1792, ano do infame saque republicano. Nele estão gravados a “Ave Maria” e um medalhão de Nossa Senhora com o Menino Jesus rodeado de estrelas; tem friso representando a Adoração dos Reis Magos e as bodas de Caná, e por fim uma Cruz de Glória com a inscrição “Via viatores quaerit” (“Eu sou a Via em busca de viajantes”, referência a Jesus Cristo que é a Via, e que procura as almas que viajam por esta vida rumo ao destino eterno).

O sino “Gabriel” (4.162 kg e 182,8 cm de diâmetro) é dedicado ao arcanjo São Gabriel que anunciou a Nossa Senhora a encarnação do Verbo.

Bourdon Maria é o maior do novo conjunto.

Neste sino está inscrita a primeira frase do Angelus “O anjo do Senhor anunciou a Maria” —, além de 40 faixas que simbolizam os 40 dias que Jesus passou no deserto e os 40 anos de travessia dos judeus pelo deserto do Sinai; na coroa do sino há flores de lis e, rodeados de estrelas, Nossa Senhora e o Menino Jesus. No corpo do sino há também uma Cruz de Glória com a inscrição “Via viatores quaerit” e um perfil da catedral no coração de Paris.

O sino “Ana Genoveva” (3.477 kg; 172,5 cm de diâmetro) é dedicado a Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, e a Santa Genoveva, padroeira e protetora de Paris. Nele está inscrita a segunda frase do Angelus “E ela concebeu do Espírito Santo”. Três faixas simbolizam a Santíssima Trindade; labaredas de fogo evocam a tenacidade de Santa Genoveva; no demais, repete o sino “Gabriel”.

O sino “Dionísio” (2.502 kg; 153,6 cm de diâmetro) lembra a São Dionísio, primeiro bispo de Paris. Enviado pelo Papa, o bispo sofreu o martírio. Neste sino está inscrita a terceira jaculatória do Angelus: “Eis a escrava do Senhor”. Sete faixas simbolizam os sete dons do Espírito Santo e os sete sacramentos da Igreja. Há também desenhos simbolizando o martírio, Cruz de Glória, inscrições e desenhos idênticos aos anteriores.

O sino “Marcelo” (1.925 kg; 139,3 cm de diâmetro), em memória de São Marcelo, nono bispo de Paris, muito venerado pelos parisienses por sua caridade para com os pobres e os doentes. Neste sino está inscrita a quarta frase do Angelus: “Faça-se em mim segundo tua palavra”. Cinco faixas simbolizam as três pessoas da Santíssima Trindade e as duas naturezas formando um só Deus em Jesus Cristo encarnado. No demais, acompanha os modelos anteriores.

O sino “Estêvão” (1.494 kg; 126,7 cm de diâmetro) relembra a catedral de Paris que precedeu a atual e que era dedicada a Santo Estêvão. Neste sino está gravada a quinta jaculatória do Angelus: “E o Verbo se fez carne”. Uma faixa em honra dessa jaculatória e motivos diversos evocam o martírio de Santo Estêvão. Cruz de Glória, frases e imagem de Nossa Senhora, Menino Jesus e perfil de Notre Dame como nos anteriores.

Sino “Ana-Genoveva” dedicado às duas santas

O sino “Bento-José” (1.309 kg; 120,7 cm de diâmetro) em alusão ao então Papa Bento XVI e a São José. Inscrição com a sexta frase do Angelus: “E habitou entre nós”. Doze faixas simbolizam os doze Apóstolos sob as chaves de São Pedro. Cruz de Glória e outros detalhes como nos anteriores.

O sino “Maurício” (1.011 kg; 109,7 cm de diâmetro) em memória de Maurício de Sully, 72º bispo de Paris, que colocou a primeira pedra da catedral de Notre Dame em 1163. Nesse sino está inscrita a sétima frase do Angelus: “Rogai por nós, Santa Mãe de Deus”; oito faixas simbolizam a plenitude (7+1); há ainda elementos arquitetônicos do plano da catedral, evocação de seus construtores, Cruz de Glória etc., como nos anteriores.

O sino “Jean-Marie” (782 kg; 99,7 cm de diâmetro), o menor deles, recebeu esse nome em alusão ao cardeal Jean-Marie Lustiger. Nele está inscrita a oitava e última frase do Angelus: “A fim de que sejamos dignos das promessas de Cristo”; nove faixas simbolizam as nove hierarquias angélicas; no corpo do sino, as iniciais dos quatro evangelistas, cada um com seu símbolo. Cruz de Glória, inscrição e imagens como nos anteriores.

Além dos nove sinos mencionados acima e o “Emmanuel”, há outros três na flecha da catedral, totalizando 13.

Toques e melodias

Os toques e as melodias dos sinos de Notre-Dame de Paris se subdividem em quatro grandes categorias:

o carrilhão das horas das cerimônias litúrgicas;

o carrilhão do Ângelus três vezes por dia: 6h00, 12h00 e 18h00, segundo costume do rei Luís XI, que se generalizou na Cristandade;

o carrilhão das horas (toque breve a cada quarto de hora; melodia curta a cada hora, e mais de 50 toques e melodias diversas do tesouro musical de Notre-Dame que variam ao longo do ano litúrgico);

o carrilhão das grandes ocasiões: acontecimentos ligados ao Papado ou de outra índole, de importância nacional e internacional, datas históricas, grandes desgraças na humanidade etc.

Os sinos continuarão a fazer-se ouvir com a mesma frequência respeitada até agora. A grande variante será dada pela riqueza do novo conjunto, que permitirá uma diversidade maior de melodias e toques.

O “Emanuel” fica reservado para as grandes solenidades como Natal, Epifania, Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Assunção, Todos os Santos etc.

O entusiasmo pela restauração dos sinos da grande catedral de Paris não se cingiu a um evento meramente religioso; foi uma amostra a mais das profundas inversões de tendências que estão ocorrendo na opinião pública da França hodierna.

Simbolismo e importância do sino para a Igreja

Eis uma substanciosa explicação das bênçãos do toque do sino feita por Mons. Jean-Joseph Gaume (1802-1879), célebre por sua ciência teológica.

Apresentação dos novos sinos de Notre-Dame de Paris

Como todas as coisas grandes e belas, é à Igreja que devemos o sino.

O sino nasceu católico, por isso a Igreja o ama como a mãe ama seu filho. Ela benze o metal de que é feito. Logo que ele veio ao mundo, a Igreja o batizou e fez dele um ente sagrado.

Com razão, porque o sino é destinado a cantar tudo o que há de santo e de santificante na Terra e no Céu. Pelas orações e cerimônias que o acompanham, o batismo vai dizer-lhe a sua vocação.

A Igreja sempre considerou com muito respeito o sino, o que se constata com novo esplendor nas preces e nas cerimônias de seu batismo.

Reunidos os fiéis em torno do sino suspenso a alguns metros acima do solo, chega majestosamente o bispo em hábitos pontificais, acompanhado do clero e seguido do padrinho e da madrinha do sino.

Em nome de Deus, de quem é ministro, o bispo invoca sobre essa maravilhosa criatura a virtude do Espírito Santo, tornando-a fecunda no primeiro dia de sua criação.

Certo de ser atendido, o bispo asperge o sino com água benta, conferindo-lhe o poder e o dever de afastar de todos os lugares onde seu som repercutir, as potências inimigas do homem e de seus bens: os demônios, os redemoinhos, o raio, o granizo, os animais maléficos, as tempestades e todos os espíritos de destruição.

Vejamos sua missão positiva.

A sua voz proclamará os grandes mistérios do cristianismo, aumentará a devoção dos cristãos para cantarem novos cânticos na assembleia dos santos, e convidará os anjos a tomarem parte nos seus concertos.

O sino fará tudo isto, porque esta missão lhe é confiada em nome d’Aquele que possui todo o poder no Céu e na Terra.

Cada badalada faz retinir ao longe os dois mistérios da morte e da vida — alfa e ômega — necessários para orientar a vida do homem e consolar suas esperanças.

Não admira, pois, que o bispo, dirigindo-se ao próprio sino, o dedique a um santo ou a uma santa do Paraíso dizendo-lhe, com uma espécie de respeitosa ternura: “Em honra de São N., a paz doravante esteja contigo, caro sino”.

Como o sino deve ter um nome, cumpre que tenha também um padrinho e uma madrinha. O nome do sino é gravado abaixo da cruz em relevo, que o marca com o selo de Nosso Senhor e o consagra ao seu alto culto.

Daí vem um fato pouco notado: o amor dos verdadeiros filhos da Igreja ao sino e o ódio que lhe votam os inimigos de Deus.

O Sino abençoado como um sacramental

O Catecismo da Igreja Católica diz: “Como exemplo das que dizem respeito a objetos, pode apontar-se a dedicação ou bênção de unta igreja ou de um altar, a bênção dos santos óleos, dos vasos e paramentos sagrados, dos sinos, etc. (1672)…

A bênção de um sino, faz dele um sacramental.

“É conveniente que haja em cada igreja um ou mais sinos para convocar os fiéis aos ofícios divinos e outros religiosos. E estes sinos das igrejas devem ser consagrados ou benzidos segundo os ritos que se encontram nos livros litúrgicos aprovados” (Codex Iuris Canonicis, cânon 1169 § 1 e 2 e Pontifical Romano)

Esse incontestável poder do sino contra os demônios do ar justifica as virtudes de que ele goza: dissipar os ventos e as nuvens, afugentar diante de si o granizo e o raio, conjurar as tempestades e os elementos desencadeados, pois que todas essas perniciosas influências da atmosfera provêm muito menos de coisas naturais do que da maldade desses espíritos malélficos.

Na hora do perigo, faz-se ouvir pelo Pai Celeste o som dos sinos, seu primeiro grito de alarme. O Senhor não permanece muito tempo insensível à voz de seu povo.

Pesquisa: Mons. Gaume, L’Angelus au dix-neuvième siècle, Editions Saint-Remi, 2005.

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