Depois de fazer esta linda experiência de alcançar o cume e contemplar Deus na beleza da criação, é preciso descer da montanha. O meu lugar é o Céu, mas ainda habito este mundo terreno.
Não podíamos descer muito tarde para não anoitecer. Foram mais três horas e meia de descida. A história que “para baixo todo santo ajuda”, não tem nada de verdade em uma descida de uma montanha de mais de 2400 metros.
Saímos do Pico às 13h00. A descida exigiu muito esforço físico, muito cuidado para não escorregar e cair nas pedras. Exigiu muito dos braços, das costas, das pernas e principalmente dos joelhos. Resumindo: “Já estávamos cansados da subida, imagine como estávamos na descida”.
Chegamos a base às 16h30. Missão cumprida, sonho realizado, muitas histórias para partilhar, muitas lições que levarei para minha vida espiritual das quais algumas partilho aqui:
- É preciso seguir as sinalizações, nunca sair da trilha: Em todo o caminho existem referências chamadas “totens” que conduz a pessoa ao cume por um caminho seguro. Por isso, é importante nunca sair da trilha. Sempre existirá a tentação da auto-suficiência humana de seguir o próprio caminho: “Vimos pessoas subindo pelo caminho errado, não seguindo os “totens”, provavelmente estes não chegaram ao cume”. A lição: Eu preciso ter referências e nunca sair da trilha que a Igreja vem traçando a dois mil anos, caminho seguro que me levará ao Cume.
- Saber onde pisar para não contundir-se. Sempre em nossa vida devemos saber onde estamos pisamos para cair nos erros da vida que nos machucam e pode fazer-nos desistir da caminhada.
- Caminho lindo, mas difícil: A escalada – subida e descida – é linda e extasiante, mas não é fácil. É um longo caminho, cheio de pedras, barreiras, muitas escaladas, alguns escorregões e quedas. Assim é minha caminhada humana e espiritual rumo ao Céu. Sempre cheio de obstáculos, lutas, escorregões e quedas. Mas um constante erguer-se e seguir em frente.
- Ascese: Exigiu-se muito esforço físico, foi necessário ter um bom condicionamento físico para aguentar as subidas e descidas. Assim, também acontece com minha espiritualidade, necessito de muita “ascese espiritual” para manter-se firme na caminhada, pois terei altos e baixos na minha humanidade e espiritualidade. Será preciso esforço humano e espiritual para alcançar o Alto. Por isso, treinar e exercitar-se humanamente e espiritualmente para aguentar os “trancos” da vida.
- Não se alcança o cume sozinho, será preciso a ajuda de um guia (diretor espiritual), a ajuda dos irmãos (vida fraterna), e principalmente da graça de Deus.
- Se alimentar e se hidratar bem para não passar mal na escalada. A subida exige muito fisicamente e consome muita energia. Por isso, foi importante sempre estar tomando água e comendo algum alimento leve. Mas sem exageros. Assim, também devemos sempre alimentar e hidratar a nossa alma com os Sacramentos e com nossa vida de oração. Sem isso é impossível alcançar o Cume da espiritualidade – o Reino de Deus.
- O necessário descanso: precisamos parar algumas vezes na subida e na descida para descansar o corpo. Em nossa vida sempre serão necessárias paradas para descanso e retiros – necessidade fisiológica, humana e espiritual. Serão necessárias paradas – dia de descanso, férias, retiros – para com o corpo e alma são alcancemos a meta, a salvação.
- É preciso descer da montanha: Assim como Moisés, Elias, São Francisco de Assis, nosso Senhor Jesus. Precisamos descer da montanha para manifestar aquilo que Deus falou ao meu coração. Devo, todos os dias, subir a montanha da minha intimidade com Deus. Mas descer para testemunhar e descrever a vivência daquilo que vivi no cume: “Eu vi o Senhor.”
Concluo a partilha desta maravilhosa experiência de vida, agradecendo aos amigos que tiveram comigo neste momento especial: Sargento Nilton, Edilberto, Gilmar, Joaquim, Cícero, Diego, Daniel e Paulo Martins.
Forte abraço,
Até a próxima!