OUTONO VERMELHO

Estamos na estação das folhas secas, do vento frio, do sol que atravessa o dia pela lateral do céu. Neste centésimo post resolvi repetir uma foto capaz de revelar a sensibilidade de um artista que não usa tinta e pincel, que não usa grafite nem papel, mas é capaz de fazer obras de arte tão profundas e que nem sempre notamos. A folha seca que se desprende da árvore e antes de tocar o solo é retida por um fio quase invisível, tecido calculadamente pela aranha nativa.  É claro que a intenção da “dona” aranha era a de capturar insetos, mas os planos foram mudados pela estação. O outono chega trazendo um tempo de reflexão e renovação. É época das árvores renovarem sua folhagem, do homem renovar a esperança, afinal vivemos um tempo pascal, onde Jesus não está mais no sepulcro e verdadeiramente está vivo. Vivo para presenciar a enxurrada que revela a irresponsabilidade de homens que foram escolhidos para ser responsáveis e não foram. E agora querem mostrar solidariedade para 247 famílias de pessoas mortas, por falta de atenção das autridades. Jesus está  vivo para presenciar o distúrbio de seres concebidos para amar ao próximo sem abusos e desrespeitos. Vivo para assistir aos chamados “profissionais da informação” fazendo chacota com o sagrado de pessoas capazes de cometer erros, capazes de ouvir erros confessados e em nome do Senhor absolver os “errados”. Vivemos num tempo de muita hipocrisia, onde queremos ser perdoados sem dar o perdão. E quando encontramos alguém que foi capaz de ter compaixão e perdoar alguém em fase terminal da vida, para que ela, quatro meses depois, pudesse morrer confortada e sem remorsos, então decidimos apedrejar e pichar sua atitude.  Vivemos num tempo em que os programas, as propagandas, novelas e até desenhos, incitam os telespectadores a se ecitarem. Pensar em  sexo o tempo todo. E quando os mesmos diretores televisivos se deparam com casos de pedofilia, estupros e crimes, fingem estar abismados e revoltados com tanto desequilíbrio. Desequilíbrio da sexualidade e afetividade, incitado pelos próprios programas televisivos. Quanta hipocrisia, ver apresentadores se mostrarem irritados e como donos da verdade!! Reflitamos sobre o “circo” que estão nos mostrando todos os dias, onde interesses financeiros e até mesmo de auto promoção, são capazes de tornar esse outono ainda mais vermelho. Reflitamos sobre as folhas secas, que foram arrancadas violentamente das árvores e perderam a chance se serem abraçadas pelo fio da misericórdia.

Deus abençoe!

Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova


Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.