Imagina quem um dia estava no campo, cabo da enxada na mão, suor correndo no rosto,
terra fofa e bem mexida, agrião, pimentão, mandioca, batata, beterraba, feijão e mesa farta.
Imagina que um dia esse alguém se sentiu cansado da vida dura do campo e decidiu pegar
a “matula” e seguir para a cidade grande, onde tem muita pedra, pedro, carrão e joão, prédio
e paredão. Onde os sonhos são encaixotados em grandes edifícios e o ar não tem a mesma
pureza do campo e nos homens faltam a simplicidade de viver só com o necessário.
Aos poucos, o homem, que já não é mais do campo, percebe que trocou a cama quentinha
por um rolo de papelão, que dispensou legumes e verduras, ovos e carne da boa, por esmola
e piedade de quem se sente tocado ao ver um indigente. Daí o homem, que já não é do campo
consegue juntar latinhas de aluminio e do pouco que junta, compra um barraco de tábua no
alto do morro. Ele até acredita que as coisas começaram a melhorar, mas nada vai ser como
aquela vida suada e farta do campo. É quando vem o temporal de verão, deslizando sobre o
morro e varrendo o barraco de todo mundo. Para o homem, que já foi do campo, só restaram
as lágrimas da saudade. Estar no lugar que o Senhor escolheu, é muitas vezes renunciar os
nossos sonhos pessoais. Se realmente tomássemos isso como meta de vida, não sairíamos
pelo mundo atrás de sonhos que se transformam em verdadeiros pesadêlos.
Deus abençoe!!
Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
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