Só quem teve a chance de conversar com as plantas, observar as fases da lua e descobrir o silêncio do campo, é capaz de suportar e entender as adversidades desta vida. Conheço um homem assim, que desabafa suas tristezas com a viola em noite de lua minguante. É justamente nessa fase do satélite, que se torna impossível plantar verduras, já que elas serão mais fracas e “minguadas”. Conheço esse homem sensível e forte no cabo da enxada. Capaz de revirar a terra com a habilidade de poucos e saber o tamanho exato da cova. Seja para couves, alfaces ou abóboras. Conheço esse homem, que nas horas que lhe sobram do dia, ainda encontra forças para transformar milho em pipocas e esperar que a providência, seja no quilo certo de cada dia. Conheço esse homem que sorrir, mesmo se as vezes tem vontade de chorar. Talvez pela saudade de um tempo em que ele se sentia mais importante. Coisas e fases, que como a lua, estão sempre mudando. Conheço esse homem que canta a chalanga e toca a viola… pra lembrar boas histórias… pra esquecer os espinhos das rosas de cada dia… pra acreditar que no leito de um rio o barco precisa seguir… pra observar que em suas margens tudo vira passado… tudo vai aos poucos ficando para trás… e assim como a dor de uma saudade… e a saudade de um bom tempo… viram cicatrizes que marcam pra sempre…. mas aos poucos vão parar de doer e apenas permanecer. Conheço esse homem e nem sei bem o seu nome.. Mas já o tenho como amigo, que apenas chamo de “Zé do Campo”.
Deus abençoe!
Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
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