“ANDAREI NA PRESENÇA DE DEUS, JUNTO A ELE, NA TERRA DOS VIVOS.”
“- Eu amo o Senhor, porque ouve o grito da minha oração. Inclinou para mim seu ouvido, no dia em que eu o invoquei.
– Prendiam-me as cordas da morte, apertavam-me os laços do abismo, invadiam-me angústia e tristeza, eu então invonquei o Senhor “Salvai, ó Senhor, minha vida!”
– O Senhor é justiça e bondade, nosso Deus é amor-compaixão. É o Senhor quem defende os humildes: eu estava oprimido, e salvou-me.
– Libertou minha vida da morte, enxugou de meus olhos o pranto e livrou os meu pés do tropeço. Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos.” (SL 114 )
O que me dá a certeza de que um dia estarei na terra dos vivos? É se realmente eu ando na presença de Deus. E o que é andar na presença de Deus? É buscar todos os dias viver o que é reto e verdadeiro. É não ferir meu semelhante e não deixar que o egosísmo, a inveja, a soberba, a prepotência e a ira sejam capazes de me dominar e me afastar pra sempre de Deus. Andar é sim um esforço necessário de todos os dias. E por ser algo que consome as energias do corpo, é normal que o andarilho busque sempre os caminhos mais planos, sem aclive ou declive, sem buracos ou pedras. Porque no caminho mais fácil o esforço é sempre menor e mais suave. Coisas de um ser-humano na zona de conforto.
Andar na presença de Deus significa que irei sempre ter a chance de escolher o caminho a seguir. Porque Ele nos dá o livre arbítrio, a liberdade de escolha. O que não é o mesmo de andar sempre sem obstáculos, porque na estrada que Ele nos aponta eles podem surgir a qualquer momento. E os cansados na zona de conforto tendem a parar. Quando se anda com os olhos voltados para o céu, nem sempre é possível saber qual será o próximo obstáculo a se vencer. Justamente por não olhar o tempo todo para o chão, que surgem as surpresas do trajeto. E a vida nesse mundo é cercada de surpresas. Ora agradáveis, ora desagradáveis.
Andar na presença de Deus também me dá a certeza de que nas quedas que o caminho me proporcionar, terei sempre a mão divina estendida e disposta a me reerguer do tombo. Sou eu quem preciso ficar atento para imediatamente apegar-me à mão divina e me levantar do pó que o erro me causou. E quanto mais eu andar, mais o cansaço pode querer me dominar. Principalmente quando caminho com olhos analíticos, a analisar tudo ao meu redor. Os que tem mais e os que tem menos. Os que comem mais porque tem mais e os que comem menos porque tem menos. Os que andam em “carruagens de ouro” e os que estão de pés rachados por não ter nem mesmo um cavalo.
E ao iniciar um processo de comparações, começo a deixar de olhar para o alto e percebo que no caminho dessa estrada existem poças de lama, espinhos e pedras que irão sufocar minha coragem de prosseguir. Ao desanimar já descido sentar a beira do caminho e iniciar um outro processo. O processo de lamentações me faz olhar bem lá atrás, quando comecei meu trajeto e o piso dessa estrada era liso, reto e plano. Vem aquela sensação de que o meu porto era seguro e não faltavam as “cebolas” no meu prato de cada dia.
É exatamente aí o ponto chave de quem decide ou não andar na presença de Deus. É como se nesse caminho chegasse a hora de encarar uma espécie de bifurcação. Ela sempre vai aparecer na estrada dessa vida. É o chamado “ponto de pergunta”, onde nem sempre vai ter alguém capaz de te salvar e indicar qual a rota certa a seguir. Mas aqueles que um dia se deixaram ser implantados por uma “bússula interior”, alí bem no meio do coração, estes estão atentos aos sinais da estrada e são capacitados a fazer sempre a escolha certa. Já sabem que nessa trilha não são a setas à DIREITA ou à ESQUERDA que vão facilitar a viagem. Mas sim os detalhes que estão no centro do coração cheio de esperança e fé.
Seguir marcas de pneus ou patas de bichos, é pra quem olha pro chão e não enxerga o ponto final, lá no alto, onde se almeja chegar. Não pára na dúvida dos homens e segue a intuição divina. Se erra o caminho, porque é carne também, é capaz de parar e retornar ao ponto de pergunta. Recalcula a rota e retoma a estrada da vida.
Não existe céu sem antes viver as surpresas desse mundo. Não existe flor com pétalas eterna e nem mata sempre verde e hidratada. Porque os estrangeiros desse mundo já sabem que a verdadeira morada não é essa, tão maltratada por gananciosos e inescrupulosos, que um dia sentaram a beira do caminho, choraram as “cebolas ” deixadas e em vez de levantar e prosseguir, decidiram rastejar de volta ao passado, porque nem forças pra ficar de pé, eles têm mais. Preferem comer poeira o tempo todo, por causa de tesouros que perecem e migalhas que apodrecem.
Só estarão na terra dos vivos, os que apenderam o certo e o errado, escolheram o que é certo e decidiram andar sempre na presença de Deus. Que todos os dias desse trajeto sejamos iluminados pelo Espírito Santo, na certeza de que ao fim da estrada estaremos na presença de Deus na terra dos viventes.
Deus Abençoe!
Wallace Manhães de Andrade
Comunidade Canção Nova