“Deixa tuas redes, deixa teu lar.
Deixa teus campos, deixa por mim.
Meu operário eu te farei, irmão e amigo eu te serei.
Eis-me Senhor, tudo deixei por Ti Senhor.
Senhor meu amigo, assim lado a lado
eu caminho, confiante onde fores eu vou.
Senhor não pergunto pra onde me levas,
se Tu queres eu quero, se Tu fores eu vou…”
(Letra da música “Senhor, meu amigo” de Monsenhor Jonas Abib)
Cante com Monsenhor Jonas Abib essa canção:
Às vezes, o Senhor me chama ao recomeço, ao primeiro instante do chamado. Confesso que desconheço o Seu real desejo. Nem sempre, na minha humanidade, consigo entender Sua pedagogia. Mas não importa, quando Ele fala, mesmo que eu não compreenda, desejo ouvir.
O chamado é bem assim: uma busca constante por “alguém” que chama. É mesmo uma sede. Ânsia constante de um preencher. Quero ser bem específica: nenhum chamado é igual ao outro. Nem poderia ser. Um Deus que nos trata em particularidade, não nos chamaria de uma maneira padrão. Lembrando, é claro, de que uma das características Dele, é surpreender. E as surpresas de Deus têm sempre um sabor de amor e carrega peculiaridades que nos mostram que não existem regras. Foi assim com Samuel: “O Senhor chamou pela terceira vez: Samuel! Samuel!…Eli compreendeu então que era o Senhor que estava chamando o menino e disse a Samuel: Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: Fala, Senhor, que teu servo escuta!” (1 Sm 3, 1-18).
Outros, são como Eliseu: “Ao passar perto de Eliseu, Elias lançou sobre ele o seu manto. Então Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias” (1 Reis 19,19-21). Há os que, como Pedro, nem se imaginam como dignos de serem chamados. E estão ali, levando uma vida comum, mas o Senhor passa e é bem específico: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt. 4,18-20).
Deus chama os que estão com um coração aparentemente distante do querer de Deus para si. Digo aparentemente, porque o que para nós aparenta distância do querer de Deus, é por vezes, Ele trabalhando em nós para cumprir o Seu querer. Podemos aplicar isso ao apóstolo Paulo. Distante de Jesus e de Seus princípios, de perseguidor, precisa levar um susto para se tornar o grande apóstolo que as Escrituras nos apresenta. Na verdade, não importa o como. Nem precisamos compreender segundo os conceitos do mundo. É preciso ter um olhar do Espírito nesse instante. O que nem sempre temos. Alguns de nós nem tinham ouvido falar da ação do Espírito Santo, quando o Senhor chama. E isso causa uma confusão nas emoções que nem dá para serem descritas. Também temos questionamentos pessoais. Surgem os que até então não existiam: “O que é isso que estou sentindo?”, “De onde vem esse desejo?” e “O que é esse tal desejo?”.
A alma reconhece o toque de Deus. Mas ainda de uma maneira que a razão não assimila. A eleição do Pai, já antes de nossa concepção, ressoa no âmago de nosso ser. A gente sabe que tá lá, de onde vem, e de Quem vem. Precisa apenas que o embotamento do olhar da alma se dissipe. Mas quando nos convertemos por ação de Cristo Jesus, o véu é retirado e o Espírito nos revela, com os rostos descobertos, o querer de Deus para nós. Sua voz se torna clara. Seu chamado já não nos amedronta. E já não sabemos mais seguir sem a Sua companhia e em direção a Ele. Como canta nosso pai fundador, Monsenhor Jonas: “…Não dá mais para voltar.” E a partir de então, a cada passo que damos rumo a esse querer, somos transformados, moldados e restaurados para refletir a glória do nosso Pai Celestial.
Um Deus de amor, que elege, conduz, espera o tempo, o nosso tempo, e acolhe no abraço de um Pai que devolve a dignidade de filhos. É assim que hoje me sinto, ao ser levada por Ele a recordar as maravilhas que tem feito em mim: “Não ocultaremos a seus filhos; mas vamos contar à geração seguinte as glórias do Senhor, o seu poder e os prodígios que operou.”( Sl 77,4).
A partir disso, me reconhecer escolhida, eleita. Vocação é bem isso: uma eleição de amor.
Autoria: Marilandi Rodrigues, membro do Segundo Elo da
Frente de Missão da Canção Nova Gravatá – PE