Foram essas as palavras do Santo Padre na XVII Sessão Pública das Pontifícias Academias.
Veja o quanto Bento XVI confia em nós, artistas, seja cantores, como também, atores, intérpretes, compositores, escritores, artistas plásticos, escultores, entre outras lindas formas de expressar o sentimento contido em nós, de falar o que não se consegue expressar com palavras, além de tornar tangível algo que não se consegue detalhar.
Essa característica que nós temos ainda foi mencionada pelo Papa em 2009 quando nos fez um apelo para “redescobrirmos a alegria da reflexão conjunta e de uma ação concorde, a fim de recolocar a beleza no centro das atenções.” E quem é o Ser Mais Belo? Aquele que é mais Belo que todas as belezas conhecidas, pois as criou, e como pode a criatura ser mais belo que o criador?
Para nos ajudar nesse processo de criação, Bento XVI nos dá a direção de que “a beleza deveria voltar a se reafirmar e se manifestar em todas as formas de expressão artística, mas sem prescindir da experiência da fé. Pelo contrário, deveria olhar para ela livre e abertamente, a fim de tirar dela inspiração e conteúdo“. Com isso, a experiência da fé é que nos proporciona a inspiração para criarmos. Através dela podemos nos colocar diante da Beleza Suprema para, através dela, externarmos a obra-prima, pois, conforme continua Bento XVI, “a beleza da fé nunca pode ser obstáculo para a criação da beleza artística, uma vez que constitui, de certa forma, a sua alma e horizonte final.” O início e o fim das obras que criamos é no Senhor e para o Senhor.
Sendo mais claro, o Papa continua dizendo que “o verdadeiro artista, graças à sua sensibilidade estética particular e à sua intuição, pode captar e aceitar mais profundamente do que os outros a beleza própria da fé, e assim expressá-la e comunicá-la com a sua própria linguagem.” Daí vem o dom que o Senhor colocou em nós, seja de cantar, como de compor, interpretar, escrever, esculpir, entre outros tantos para, assim, expressar essa Beleza tão Bela!
O Papa Bento XVI ainda nos coloca numa posição de muita responsabilidade quando diz que nós, artistas “podemos ser definidos como “guardiões da beleza do mundo”“. Veja a confiança que o Papa tem em nós e a responsabilidade que nos concede. E continua: “ele(o artista) pode participar da mesma vocação e missão da Igreja, especialmente se, nas diferentes formas de arte, quiser ou for chamado a realizar obras de arte diretamente relacionadas com a experiência da fé e do culto, com a ação litúrgica da Igreja“.
O Papa ainda relembrou que em 1931, o jovem padre Giovanni Battista Montini, futuro papa Paulo VI, exortava quem lidasse com a arte sacra a se sentir chamado a “expressar o inefável“, iniciando-se na mística, a fim de “atingir, com a experiência dos sentidos, algum reverberar, algum pulsar da Luz invisível“. Esse jovem padre Montini ainda afirma que “Vemos como e onde nasce a arte sacra verdadeira: do artista devoto, orante, desejoso, que vela no silêncio e na bondade, à espera do seu Pentecostes.” Dessa forma, irmãos, se você não está tendo inspiração para criar, veja que a arte sacra VERDADEIRA nasce do artista devoto, orante, desejoso, que vela no silêncio e na bondade, à espera do seu Pentecostes.
Concluindo a interlocução feita, o Santo Padre nos convida a nós, artistas, a “trilharmos o caminho traçado com nitidez por Paulo VI e a garantirmos que a nossa carreira artística se torne um itinerário completo, em que todas as dimensões da vida humana estejam envolvidas, de modo a eficazmente testemunharmos a beleza da fé em Jesus Cristo, imagem da glória de Deus que ilumina a história da humanidade.”
Veja irmãos artistas do Senhor, que nosso caminho é profundo e exigente e não dá para brincarmos de artistas do Senhor, pois Deus conta muito conosco. O convite feito pelo Papa está feito. Vamos aceitar?
Juntos na Eucaristia!
Junior Alves, missionário da Comunidade Canção Nova Missão Rio de Janeiro